Alice no País das Maravilhas
A frase atribuída a Einstein diz que “falta
de tempo é desculpa dos que perdem tempo por falta de método”. Para a
esmagadora maioria das pessoas isto é uma verdade impossível de se reverter uma
vez que esta desculpa se repete milhares de vezes. E a sensação que se tem é
que se trata de um mal dos dias atuais, que se reflete principalmente nas
relações interpessoais. É um tipo de delírio que não raro se tenta manter para
não ter que abalar o comodismo e sair do status
quo vigente. A busca por sair deste ciclo que se retroalimenta passa por
reconhecer a falta de método e a primeira atitude para chegar lá é parar de
dizer que não tem tempo (se de fato não resolve, já é uma assertiva que subliminarmente
começa a promover a mudança).
Uma coisa que frequentemente
escapa aos olhos é a existência de verdadeiros ladrões de horas. São aquelas
coisas que vão tomando tempo, em geral desapercebidamente justamente por
parecerem rápidas. Exemplo disto é o tempo que se desperdiça navegando a esmo
pela internet ou refazendo coisas que se fez sem concentração. São todas
tarefas infrutíferas que se impõem pela falta de objetividade e foco, pois a
mesma tecnologia que ora se mostra vilã, se utilizada de maneira criteriosa é
extremamente benéfica. Para manter a objetividade no cotidiano é preciso
planejamento, o que não significa criar uma rotina engessada (até porque,
imprevistos acontecem). Pelo contrário, é uma forma de encaixar todas as coisas
que se deseja realizar, priorizando interesses dos mais diversos, desde aquele
telefonema que se quer dar a uma amiga com quem há muito não se fala. Fazer uma
agenda é um caminho. Com ela é possível programar-se com antecedência,
inclusive para ter um tempo livre.
E por falar em tempo livre,
este muitas vezes pode ser responsável por uma culpa imensa. Não é raro
encontrar pessoas que quando não estão fazendo nada sentem-se meio estranhas.
Este tipo de culpa tem que ser jogada pela janela, mesmo pelo mais ferrenho
workaholic. Ter o tempo para o ócio é, ao contrário do que possa insinuar, é
altamente produtivo. Sem contar que descanso e lazer são indispensáveis para o
bem estar de qualquer pessoa. Ignorar estas necessidades chega a ser uma
espécie de auto-sabotagem; ter momentos dedicados a si mesmo faz uma diferença
brutal no equilíbrio das tensões.
Não saber gerenciar seu
próprio tempo reflete de forma desastrosa na qualidade de vida do indivíduo. No
livro “Comportamento Organizacional: Criando Vantagem Competitiva”, os autores discutem
o fator tempo como algo decisivo na vida
moderna e categorizam seu uso de maneira interessante que vale para reflexão – “o
tempo apressado e a vida saturada”, “o tempo fragmentado e a vida superficial”,
“o tempo sincronizado e a vida amarrada”, “o tempo repartido e avida quebrada”
e “o tempo, o consumo e a vida vazia”. Ou seja, dependendo de como se lida com
o tempo em sua vida, esta sofrerá determinado tipo de consequência. Tornar-se
vítima do tempo, sem respeito às suas prioridades e ao que verdadeiramente
importa, lhe fará viver no automático e de modo superficial, em rota
diametralmente oposta a uma vida plena e feliz.
Por tudo isso, vê-se que o
tempo é um bem precioso e como tal precisa ser cuidado. Não se deve permitir
que ele seja um opressor; pelo contrário deve trabalhar a favor, tendo sempre
em mente sua completa relatividade.
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