domingo, 5 de maio de 2013

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?





Consumir, consumir e consumir! É um apelo quase que irresistível, uma necessidade muitas vezes sufocante de ter cada vez mais. O consumo faz parte do cotidiano da maioria das pessoas, realizado frequentemente de forma impensada, e o que é pior, absolutamente desproporcionada às demandas reais. Falar sobre consumo sustentável, pensar de forma a se harmonizar com nosso recursos naturais, por outro lado, transformou-se até em jargão para alguns, usado de forma patrulhadora. Mas no íntimo de cada um o que verdadeiramente é factível? 

Adotar um estilo mais "low profile" é para poucos, resistir às tendências da moda ou à troca periódica de automóvel mais ainda. O consumo pode transformar-se em algo patológico, contudo ainda que não se enquadre nesta categoria pode fazer reféns facilmente. Mas o que você precisa para viver bem? Você tem fome realmente de quê?

A Revolução Industrial redesenhou o mundo que conhecemos. O maior acesso aos bens de consumo, juntamente com a globalização das informações e a publicidade persuasiva modificou de forma irremediável as relações ente desejo e necessidade. Somos tomados de assalto pelos  lançamentos, utensílios de última geração, a ditadura dos produtos de beleza e muita novidade que promete mais conforto. Tudo isto é importante para fazer girar a economia e aumentar o desenvolvimento das nações, o que é um avanço social, porém o exagero é deletério por vários motivos.   A supervalorização dos produtos coloca em outro patamar a busca pelas realizações pessoais no âmbito afetivo e intelectual. O consumo sem consciência repercute no planeta pelo aumento exponencial do lixo, sobretudo o lixo eletrônico. É difícil resistir, todo mundo gosta do que é bom, mas chegou-se a um ponto em que repensar este modo de vida tornou-se imperativo. 

Não que precisemos viver de forma espartana, contudo o excesso definitivamente não é saudável. E o quanto as pessoas se deixam levar por essa avalanche materialista influencia as relações interpessoais de maneira negativa. Avalia-se o outro pelo que ele possui e pode consumir, muito mais do que pelo que ele é. Superficializa-se a convivência humana de modo a perder de vista a essência do que nos torna plenos e felizes. E quando peneiramos tudo o que consumimos em nosso dia-a-dia fatalmente nos deparamos com coisas extremamente supérfluas, sem as quais viveríamos tão bem ou melhor. Se o exame de consciência for mais profundo, fica latente que precisamos de poucas coisas para viver bem, muito menos do que vamos acumulando ao longo da vida. Não precisa nem falar nas questões existenciais, do quanto é mais valioso ver seu filho crescer forte e feliz, se realizar profissionalmente e viver em harmonia com quem lhe cerca. Uma simples pergunta já ajuda a refletir; eu trabalho para quê? Morar e comer bem, dar uma boa educação para os filhos, viajar. A maioria de nós se diria satisfeito com esta resposta.. E porque seguimos comprando, comprando e comprando? 

Certamente a resposta está vindo paulatinamente e essa mudança tem tudo para ser uma constante. Aos poucos descobrimos o que é felicidade para cada um, e saciamos nossa fome de bem estar, com suficiência material, mas sem excessos.