segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O ENCONTRO DO VÍDEO DE IVETE COM A ENTREVISTA DE LÁZARO

                        

  O vídeo viralizou (para usar o atualíssimo jargão da rede mundial de computadores). Não tardou em virar música. Ivete Sangalo, supostamente dando uma bronca no marido por estar este conversando demoradamente com uma desconhecida, repercutiu no primeiro dia do ano. Nenhuma surpresa, já que tudo referente a ela transborda na mídia e nas redes sociais. O interessante deste episódio é que a avalanche de depoimentos de mulheres fazendo coro, apoiando e se identificando com a cantora foi enorme. Vi mulheres das mais diversas classes e profissões se colocando no lugar dela ou mesmo sentindo-se representadas. O ocorrido reafirma a posição da estrelada artista no imaginário coletivo - com sua humanidade todo o tempo enfatizada. E isso certamente a aproxima do seu público. a alcunha de Diva Pop lhe cai bem justo por esta relação tão natural. Verdadeiro ou não, o pretenso pito no maridão, reagir como alguém normal, é mais um ponto em favor de sua merecida admiração, tão genuína por traduzir um comportamento de uma mulher real. Mais que isso, a torna alguém em quem se espelhar, já pelas qualidades conhecidas e por essa capacidade de ser gente acima de tudo. É este o tipo de ídolo que pereniza.

  É neste ponto que entra Lázaro Ramos, artista de qualidades igualmente reconhecidas, em entrevista a programa que aliás lhe prestou homenagem, o "Grandes Atores" em meados do ano passado. Em dado momento declarou ele esforçar-se em manter suas origens, seus amigos e seus hábitos antes da fama como forma de não se deslumbrar com a popularidade. Tal deslumbramento, um dos riscos do sucesso (sim, há os dois lados da moeda), ameaça a sanidade do indivíduo. Sob pena de esquecer quem é e incorporar um ser inventado, inexistente, o artista (ou qualquer pessoa com notoriedade) pode acabar se distanciando dos predicados de gente de carne e osso. Este depoimento diz muito sobre o que Lázaro representa enquanto cidadão, profissional e personalidade em quem tantas pessoas também se espalham. É fruto de sua formação, e por consequência de seu engajamento nas diversas questões sociais, além de seu amadurecimento, seja pessoal, seja profissional.

  A interpretação do público e a percepção de quem simboliza características admiráveis são tão simples; já dizia Fernando Pessoa - "...estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo?". Cada um a seu modo, Lázaro Ramos e Ivete Sangalo mostraram de forma consonante a importância de ser verdadeiro. E mais uma vez ratificam o porquê, além de seu talento, arrastam multidões. Autenticidade é de fato um trunfo valioso na arte e na vida.