Não se conta a história do Brasil sem que se
fale dos índios que aqui já viviam antes de qualquer linha ser escrita.
Diversas tribos que cultivavam seu alimento, passavam sua cultura de geração em
geração e cultuavam seus deuses. A chegada de outros povos a esta terra
rechaçou os índios, que não se adaptaram ao aculturamento promovido pelos
europeus, e foram cada vez mais adentrando o continente. Com o tempo populações
indígenas inteiras foram dizimadas na busca por terras de colonos, seguidos de
garimpeiros e grileiros.
Oportuno lembrar a riqueza desta cultura,
tantas línguas, hábitos e costumes diferentes do que conhecemos. São várias
etnias, Carajás, Caiapós, Guaranis, Ianomamis e Tupis. Precisaram se adequar,
de forma que grande parte deles acabou com as crenças esfaceladas e invadidas. Os
que resistem passaram a ter que confrontar o cotidiano nas aldeias com a
incersão social dos seus povos nas cidades com predomínio dos não-indígenas.
Para esta resistência é fundamental preservar suas tradições, suas músicas e
instrumentos musicais e seua rituais. Nestas aldeias o Pajé ainda é sábio e uma
espécie de sacerdote, os alimentos são cultivados de forma artesanal e a
relação com a natureza é mais harmônica. Tudo isso fica sob ameaça por
interação com a sociedade em torno. Daquilo que foram há séculos, restam pouco
mais de 220 sociedades indígenas pelo país.
Apesar desta realidade ser absolutamente
pública, de séculos mais tarde existir uma unificação da miscigenada população
brasileira e da Constituição datada de 1988 reconhecer direitos específicos dos
povos indígenas, ainda se vê cenário semelhante. Ao longo do tempo tais terras,
predominantemente nos estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul,
transformaram-se em grandes latifúndios, nas mãos de agricultores produtivos, o
que é considerado importante para o desenvolvimento dessas regiões. O
reconhecimento da propriedade ancestral destas terras se esbarra num conflito de
difícil solução. Ir de encontro aos que detém o poder econômico não tem sido a
tônica dos sucessivos governos, e enquanto não houver este enfrentamento os
conflitos continuarão, cada vez mais sangrentos, com a derrota óbvia dos mais
desprotegidos. E com uma derrota mais sutil, a do povo brasileiro por perder
mais um pedaço de sua identidade.
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