Com a correria do dia-a-dia
é comum não encontrar tempo para se reunir com os amigos. Aquela saída
divertida longe das preocupações domésticas é sempre bemvinda e saudável. Ela
fortalece os laços de amizade, relaxa das tensões do cotidiano, além de servir
para enriquecer as relações dos casais, uma vez que possibilita ter novidades
para contar, manter-se vivo e interessante para o outro.
A individualidade é fator
importante no casamento. Por mais que se viva em completa harmonia, a simbiose
não pode ser tal que anule os anseios e as percepções de cada um. Estar bem
consigo mesmo, emitir suas próprias opiniões e manter seus próprios interesses
é o que faz o ser humano sentir-se pleno. Um estudo sobre terapia familiar intitulado
“O difícil convívio da individualidade com a conjugalidade”, da professora da
PUC-RJ Terezinha Féres-Carneiro, aponta bem o que a questão envolve. O título
já é bastante esclarecedor, mostrando que de fato a dualidade vivida pelos
pares num casamento é delicada e alcançar uma harmonia não é fácil, até porque,
à primeira vista parecem excludentes. A pesquisa afirma que na lógica do
matrimônio um e um são três – dois sujeitos (duas percepções de mundo) geram
uma identidade conjugal, um projeto de vida. Criar este modelo único pressupõe
espaço para cada personalidade expressar o que sente. E é neste ponto com
muitos relacionamentos engasgam, o que cedo ou tarde traz cobranças mútuas,
arestas que se não forem aparadas determinaram o fim.
Manter vivo esse espaço de manifestação
das personalidades num casal é um trabalho de formiguinha, uma construção
diária que demanda atenção. Um dos pilares desta construção é estar com os
amigos (os seus, os meus e os nossos), o que promove equilíbrio emocional para
o casal. Ter privacidade com os amigos, falar bobagem, ser confidente de alguém
e trocar experiências ajuda no crescimento pessoal e é muito importante,
principalmente se imaginarmos que a maioria das amizades duram mais que os
casamentos. Cultivar as amizades auxilia a quebrar a rotina e a falta de
assunto que muitas vezes mina os relacionamentos. O casal que decide se fechar
corre o risco de em algum momento implodir. É como uma panela de pressão;
necessita de uma válvula de escape para respirar e ser aquela pessoa pela qual
valeu a pena a conquista. As mulheres historicamente reconheceram esta
necessidade mais tardiamente que os homens – o futebol com os amigos é um
costumaz vilão nas batalhas domésticas. Toda multimulher, mesmo que no campo das idéias, trava um equivalente, mas sua característica primordial é se moldar à tal multiplicidade de papéis. Com o tempo ela foi conquistando um
espaço na sociedade, e consequentemente no casamento, que propõe uma relação
mais equânime, onde suas realizações pessoais e seu sucesso profissional também
têm importância. Esta nova conformação ratifica que há vida fora do casamento e
faz com que as pessoas fiquem juntas cada vez mais pelo prazer dessa troca. Ter
seu “clube da Luluzinha” é ótimo, faz voltar para casa cheia de energia e disposição,
te põe em movimento. No final é tão enriquecedor pessoalmente que reflete de
forma positiva na qualidade e longevidade conjugal.
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