domingo, 30 de outubro de 2011

UMA PERGUNTA, UMA RESPOSTA?


Existe maneira de se preparar para um adeus? Me refiro àquela despedida para muitos definitiva, mas que dependendo da crença religiosa que se pratique poderá significar um até breve. Me é um tema recorrente, inclusive já esboçado em textos anteriores. Será que é possível entender as questões envolvidas com este momento, manter-se sereno e inevitavelmente aceitar? A psiquiatria costuma introduzir cinco estágios até que se consiga alcançar a aceitação, os quais se iniciam justo pela negação. Então, se há possibilidade de preparação, é natural que ela parta de um certo engasgo pela impotência, até por isso, temo não haver resposta a esta pergunta.

“A morte é para quem fica”, diz o ditado popular. Significa dizer que diante da morte do outro teremos que lidar com os sentimentos muitas vezes conflituosos e com as reflexões que acabam por nos levar a pensar nossa própria morte. A certeza da finitude humana poderá ser mais ou menos dura em virtude do nível de autoconhecimento de cada pessoa, do modo como nos inserimos em nossa sociedade (este ponto fica bastante claro quando se observa o modo com que os orientais entendem a morte e o morrer) e obviamente o tipo de relação que se estabeleceu com a materialidade. Elaborar este momento requer tempo, é um processo gradativo e diferenciado a cada estágio da vida, além de ser influenciado pelas circunstâncias da morte. A Medicina Paliativa é um ramo da medicina que ajuda muito a internalizar questões relativas a esta partida. Embora se dedique fundamentalmente ao paciente tido como terminal, com os quais se pode vivenciar um período de morte eminente, seus patamares se adequam a uma tentativa de preparação pois esta última envolve enormemente os momentos que se viveu com o ente querido, o quanto de energia se investiu naquela relação e até que ponto se pode dizer que nada deixou de ser dito. 

Findo sem resposta, intimamente reconheço-a como negativa, contudo penso que cada um tem suas verdades e vivencia a mesma questão de forma distinta. O que parece ser consenso (se algum senso for possível) é que no final o que resta são as lembranças. As boas lembranças são capazes de apaziguar as dores e são construídas numa convivência plena de afeto, em que se vive cada dia dando o melhor de si, principalmente para aquelas pessoas queridas cuja partida lhe será cara.  Manoel Bandeira escreveu sobre a preparação para a morte; “a vida é um milagre ... e a morte o fim de todos os milagres” – quero crer ser possível reiventar o fim do poema.

domingo, 23 de outubro de 2011

NOSSO DIA ROSA




Em meio às várias atribuições do seu dia-a-dia de multimulher dê uma pausa para propagar o Outubro Rosa. Trata-se de um movimento mundial que começou em 1997 nos Estados Unidos motivado pela necessidade de chamar a atenção da sociedade e dos poderes públicos para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Há uma ênfase na questão da disponibilidade da mamografia e o nome remete ao laço rosa, símbolo da campanha, que tem como marca principal a iluminação de monumentos com esta cor – como a Torre de Pisa na Itália, a Opera House na Austrália e o Arco do Triunfo na França. O Brasil passou a fazer parte desta mobilização em 2002, e várias cidades já “vestiram” seus monumentos de rosa, a exemplo do Cristo Redentor no Rio de Janeiro, Farol da Barra em Salvador e Monumento aos Bandeirantes em São Paulo.

O câncer de mama é o segundo mais frequente no mundo, de acordo com informações do INCA (Instituto do Câncer – RJ), o mais comum entre as mulheres e se diagnosticado precocemente apresenta um prognóstico  relativamente bom. Ainda segundo a entidade, no Brasil a mortalidade pelo câncer de mama permanece alta muito provavelmente pelo diagnóstico em estágios mais avançados. A prevenção primária não é possível dada a variação genética que se dá como fenômeno nas neoplasias, mas como é frequente, cabe o rastreamento, portanto o foco no diagnóstico precoce é vital.

O ponto alto das manifestações é no dia 28 de Outubro, quando, em sinal de conscientização, vamos todas vestir rosa. A campanha une instituições do terceiro setor e poder público, visando não só a citada conscientização, bem como angariar fundos para pesquisa. Há um grande número de eventos nas diversas cidades do país, cuja participação popular é fundamental para produzir o eco necessário para  se aumente a divulgação dos cuidados preventivos, a disponibilidade da mamografia para um maior número de mulheres e dos tratamentos, além de apoio aos portadores. É uma questão de se cuidar - começa no auto-exame, que faz parte das ações educativas, mas que de forma imprescindível  se extende para o atendimento por profissionais de saúde e realização de exames de rotina. É também um convite às mulheres para que separem este dia para si próprias; nosso Dia Rosa.
  

sábado, 15 de outubro de 2011

PROFESSOR, TRANSFORMEI O MUNDO!

Conto n° 3


O primeiro dia do Professor naquela escola foi agitado. Tudo novo para ele e para os alunos. Ele, recém-formado, havia escolhido lecionar contra tudo e contra todos; pensava que a educação era a área mais importante do conhecimento e que nela poderia fazer a diferença. Os alunos desbravavam a entrada no ensino fundamental, onde tudo agora precisava ser levado a sério, distante dos tempos da educação infantil.

Nosso Professor queria mesmo conquistar a turma, e isso não foi fácil. Cada cabecinha daquela vinha de uma história, a maioria de gente pobre, sem muitas possibilidades. Naquele ano letivo aprenderiam a importância do estudo na vida deles. Foi tão intensa sua dedicação àquelas crianças, procurando passar não apenas o que havia na grade curricular, mas principalmente como viver em sociedade e a tornar-se um ser humano íntegro. Era comum vê-los em atividades fora da sala de aula, com grande foco no incentivo às artes, sobretudo a leitura. 

Para um aluno em especial aquilo tudo gerou transformações importantes. Aprendeu com aquele mestre que o mundo era muito maior do que as estreitas ruas de sua cidade natal; descobriu que os livros lhe podiam proporcionar viagens bem ao longe e que era possível tornar sonhos realidade. Ver o crescimento daquela menino foi realmente gratificante, desde o seu interesse pelas disciplinas, passando pela liderança que exercia com seu carisma, até vê-lo ingressar no movimento estudantil. Em um salto o ativismo político surgiu à sua frente e frequentemente se referia em seus discursos às conversas que tivera no passado com aquele Professor. Foi talentoso e atuante como parlamentar até galgar cargos no executivo. Do alto de seu prestígio encampou lutas sociais importantes e passou a ser referência quando se tratava de direitos civis. Tornou-se um cidadão   a quem todos admiravam, um formador de opiniões responsável e cônscio de seu papel na sociedade.

Hoje foram as eleições presidenciais. aquele garoto foi eleito, o que equivale a dizer que se trata de um dos homens mais influentes do mundo. De origem humilde, procedente de um reduto onde a violência imperava e cujo destino parecia estar traçado, encontrou em sua vida instrumentos um indivíduo de raros conhecimento e retidão. Pôde então reescrever um caminho vitorioso e deslanchar todo o seu potencial. 

No final foi a mão daquele professor lá atrás que plantou tão preciosa semente, e aquele garoto poderia tranquilamente dizer: "Professor, transformei o mundo!"



*Inspirado em todos os mestre que "matam um leão por dia" para tocar seu ofício, em especial minha Dinda Julieta que sempre exerceu a profissão de professora com dedicação.

domingo, 9 de outubro de 2011

FELICIDADE ÀS NOSSAS CRIANÇAS

                                          Toda Criança Quer - Palavra Cantada

Datas comemorativas, em que pese o apelo comercial embutido na sua grande parte, são momentos de reflexão. O Dia das Crianças, dia de Nossa Senhora Aparecida, considerada padroeira do Brasil, excelente oportunidade para pensar na construção da  felicidade que se deseja a elas.


No hábito de dar presentes nesta data se encerra o tal apelo comercial, despejando em todos os meios de comunicação centenas de brinquedos de todos os tipos (e não importa que se esteja no reduto dos canais por assinatura). São novidades que encantam até adultos, de forma que os pequenos tornam-se alvos fáceis. Para os adultos resta uma sensação de que são reféns, e muitas vezes com um certo prazer já que as crianças iluminam o olhar quando recebem o tão sonhado presente. Se não é possível trilhar caminhos à margem de costumes tão enraizados em nossa sociedade, pode-se usá-los em favor de um jeito diferente de criar nossas crianças, priorizando o ser em detrimento do ter.

Trata-se de uma tarefa árdua nos tempos de hoje, pois, como diria Saramago, “a humanidade esqueceu-se de ser porque ser dá trabalho, demanda pensamento, dúvida”. Tudo é tão acelerado, com a informação correndo nas ondas da internet e o consumo crescendo de maneira tão voraz. Parar um pouco para estimular habilidades pessoais de caráter cognitivo é como nadar na contra-corrente; ensinar que todos somos iguais, que a beleza vai além do exterior que se vê, que é importante se colocar no lugar do outro, a importância da cooperação e viver a vida com paixão. Não se trata de pregar o eremitismo de total desprendimento, até porque as crianças precisam estar preparadas para o futuro, com conhecimentos e vivências para alcançar seus objetivos. É importante dar acesso às coisas instigantes e interessantes, falar outras línguas, conhecer lugares e refinar o gosto. A questão é manter em primeiro plano valores como amor, respeito, lealdade e amizade. Este tipo de educação, que forja o ser humano íntegro, precisa estar acima da corrida (lícita, diga-se de passagem) para torná-los competitivos na vida.  

Pequenas atitudes já modificam a forma de viver esta época, seja estimulando a doar brinquedos que já não usam, seja ensinando a não ser perdulário, mostrando o valor do dinheiro e orientando a escolha consciente do que consumir. Requer tempo e persistência, requer exemplo, o que atinge cada pai e cada mãe que comunga de desejos de felicidades para suas crianças.  Então, que em mais esse Doze de Outubro se consiga mais que dar os presentes, estar presente. Que estar presente signifique caminhar junto e construir alicerces sólidos para adultos plenos.

domingo, 2 de outubro de 2011

DE VOLTA AO DIÁRIO DA MULTIMULHER



Querido diário,


Estou tentando tirar as fraldas de minha filha. Como convém a uma multimulher, misturo os vários interesses e trago influencias de uma área da vida para a outra, atuando agora como a “mãe baseada em evidências”. 


Primeiro os livros – especialistas dizem que há um melhor momento para se fazer esta mudança. Por volta dos dois anos (é agora!), a criança já adquire autonomia do ponto de vista físico; já anda e poderá ir ao banheiro quando der vontade, já fala e saberá sinalizar quando esta chegar. É nessa faixa etária que, dizem os urologistas, a maturidade fisiológica possibilita que a criança de fato possa segurar um pouco, sinalizar e (tudo na sequencia!) ir ao banheiro. A psicologia infantil diz que essa época é variável entre uma criança e outra (já sei que uma não é igual à outra, não mesmo!), mas que para nós pais uma das manifestações é que a criança se mostra incomodada com a fralda suja (ih, estou achando que ela não está nem aí!). Todas as publicações concordam que a retirada das fraldas é um marco na história da criança, e que a retirada muito precoce ou muito tardia poderá trazer danos psicológicos e orgânicos. Interessante que os estudiosos americanos, acompanhando as tendências daquela sociedade, orientam a retirada das fraldas por volta de um ano de idade (justificativas passam pela competitividade, pela ida a creche, dentre outros), é uma questão de condicionamento. Neste aspecto os livros também versam sobre a ida para a escola, que quando mais cedo ajuda a sair das fraldas mais facilmente. Um ponto a se pensar; alguns autores citam que muitas vezes é a mãe que não está pronta para retirar a fralda, pois esta passagem significa mais uma ruptura dos pequenos rumo à autonomia. Independente disto a saída das fraldas vai acontecer mais cedo ou mais tarde, mas é preciso trabalhar esta questão, de forma individualizada, para que a criança se insira bem no grupo etário, seja na escola ou entre os amigos. De acordo com um estudo publicado no Jornal de Urologia Pediátrica (o americano JPU) o momento ideal para começar o treinamento é entre 24 e 32 meses de idade, e este é mais importante do que a estratégia adotada (desfraldar muito cedo só aumentará o trabalho, já que a criança vai demorar mesmo e fazê-lo muito tarde pode trazer os prejuízos já mencionados). 

Está tudo muito bom, mas mesmo com todas essas informações ainda falta aquele passo a passo, afinal na hora de por tudo em prática é que vemos como é. Então fui atrás das revistas do ramo (tudo bem são em geral superficiais, mas o assunto também não é tão profundo assim). Os títulos das reportagens são sempre surpreendentemente animadores – “como retirar as fraldas em três passos”, “descomplicando a hora de tirar a fralda”, “dez conselhos para a hora de tirar as fraldas” – tudo fácil. Os periódicos também relatam que se deve perceber se o filho está pronto, ou seja, já tem motricidade e pode falar, sempre referem que a melhor época para retirar as fraldas é no verão, pois a criança faz menos xixi e estará usando menos roupas na hora dos inevitáveis acidentes. Outra orientação é de apresentar o banheiro, o papel higiênico, dar descarga, enfim, ensinar tudo, com a possibilidade da criança escolher se quer um vaso (com redutor) ou troninho. Aconselham ainda que o treinamento vai exigir paciência (obviamente a fralda não vai sair no primeiro dia) e todos que cuidam da criança devem ser envolvidos no processo. A criança deverá ter acesso ao vaso na hora que tiver vontade e permanecer sentada o quanto quiser. Todas são taxativas: não brigue se não der certo, não obrigue, não tenha pressa. Estas atitudes podem fazer a criança prender cocô e xixi para não ter que passar pelo estresse. Vale usar técnicas como abrir torneira, massagear a barriga e sentar ao lado da criança. O melhor caminho é retirar inicialmente a fralda do dia (começando pela manhã) e depois começar o treino para a noite (provavelmente será necessário acordá-la em algum momento da noite). No final sempre dizem que se o uso das fraldas perdurar muito além dos quatro anos, consulte um especialista. Nesta garimpagem achei também blogs bem interessantes, como o da Terapeuta Ocupacional Ariela Goldstein, que faz um trabalho muito bonito na área pediátrica (http://topediatrica.blogspot.com) e o Equilibrium, um Centro de Psicologia (http://equilibri1.blogspot.com/) – vale a pena dar uma olhada. 

Tanta informação prática, contudo nada se compara ao seu corpo a corpo – criança, vaso e você! O que a multimulher mais tem é dilema de mãe. Minha filha mais velha aos quatro anos já não usa fralda, o que me dá grande esperança. Ainda assim, como previamente comentado, uma criança é diferente da outra, de forma que de saída a situação foi outra; a pequena demorou mais para se incomodar com o que fazia na fralda, então dei uma esperada. Comecei explicando todo o ritual no banheiro, não me deu grande importância. Segui em frente deixando só de calcinha pela manhã; depois de várias molhações, a encrenca foi no vaso; o redutor herdado foi deixado de canto – a pequenininha tem pavor a ele (e olhe que é pink). Dei mais uma esperada. Agora decidi usar minha experiência pessoal, ser intuitiva, chega de teorias! Comprei um troninho colorido musical (desta vez vai!). Ela amou o novo “brinquedinho”, tanto que toda vez que a levo ao banheiro ela corre feliz na minha frente, liga a musiquinha e começa a dançar em volta! Socooooooooorro!

sábado, 1 de outubro de 2011

ANIVERSARIANTES DO MÊS DE OUTUBRO

Aproveitando a balada Rock in Rio deste instante..



Kisses!!!!!

Artur Celso
Clarissa
Vania
Ali
Cristiane
Leitinho
Léo
Camila
Luiz
Dinda Rosa