domingo, 2 de outubro de 2011

DE VOLTA AO DIÁRIO DA MULTIMULHER



Querido diário,


Estou tentando tirar as fraldas de minha filha. Como convém a uma multimulher, misturo os vários interesses e trago influencias de uma área da vida para a outra, atuando agora como a “mãe baseada em evidências”. 


Primeiro os livros – especialistas dizem que há um melhor momento para se fazer esta mudança. Por volta dos dois anos (é agora!), a criança já adquire autonomia do ponto de vista físico; já anda e poderá ir ao banheiro quando der vontade, já fala e saberá sinalizar quando esta chegar. É nessa faixa etária que, dizem os urologistas, a maturidade fisiológica possibilita que a criança de fato possa segurar um pouco, sinalizar e (tudo na sequencia!) ir ao banheiro. A psicologia infantil diz que essa época é variável entre uma criança e outra (já sei que uma não é igual à outra, não mesmo!), mas que para nós pais uma das manifestações é que a criança se mostra incomodada com a fralda suja (ih, estou achando que ela não está nem aí!). Todas as publicações concordam que a retirada das fraldas é um marco na história da criança, e que a retirada muito precoce ou muito tardia poderá trazer danos psicológicos e orgânicos. Interessante que os estudiosos americanos, acompanhando as tendências daquela sociedade, orientam a retirada das fraldas por volta de um ano de idade (justificativas passam pela competitividade, pela ida a creche, dentre outros), é uma questão de condicionamento. Neste aspecto os livros também versam sobre a ida para a escola, que quando mais cedo ajuda a sair das fraldas mais facilmente. Um ponto a se pensar; alguns autores citam que muitas vezes é a mãe que não está pronta para retirar a fralda, pois esta passagem significa mais uma ruptura dos pequenos rumo à autonomia. Independente disto a saída das fraldas vai acontecer mais cedo ou mais tarde, mas é preciso trabalhar esta questão, de forma individualizada, para que a criança se insira bem no grupo etário, seja na escola ou entre os amigos. De acordo com um estudo publicado no Jornal de Urologia Pediátrica (o americano JPU) o momento ideal para começar o treinamento é entre 24 e 32 meses de idade, e este é mais importante do que a estratégia adotada (desfraldar muito cedo só aumentará o trabalho, já que a criança vai demorar mesmo e fazê-lo muito tarde pode trazer os prejuízos já mencionados). 

Está tudo muito bom, mas mesmo com todas essas informações ainda falta aquele passo a passo, afinal na hora de por tudo em prática é que vemos como é. Então fui atrás das revistas do ramo (tudo bem são em geral superficiais, mas o assunto também não é tão profundo assim). Os títulos das reportagens são sempre surpreendentemente animadores – “como retirar as fraldas em três passos”, “descomplicando a hora de tirar a fralda”, “dez conselhos para a hora de tirar as fraldas” – tudo fácil. Os periódicos também relatam que se deve perceber se o filho está pronto, ou seja, já tem motricidade e pode falar, sempre referem que a melhor época para retirar as fraldas é no verão, pois a criança faz menos xixi e estará usando menos roupas na hora dos inevitáveis acidentes. Outra orientação é de apresentar o banheiro, o papel higiênico, dar descarga, enfim, ensinar tudo, com a possibilidade da criança escolher se quer um vaso (com redutor) ou troninho. Aconselham ainda que o treinamento vai exigir paciência (obviamente a fralda não vai sair no primeiro dia) e todos que cuidam da criança devem ser envolvidos no processo. A criança deverá ter acesso ao vaso na hora que tiver vontade e permanecer sentada o quanto quiser. Todas são taxativas: não brigue se não der certo, não obrigue, não tenha pressa. Estas atitudes podem fazer a criança prender cocô e xixi para não ter que passar pelo estresse. Vale usar técnicas como abrir torneira, massagear a barriga e sentar ao lado da criança. O melhor caminho é retirar inicialmente a fralda do dia (começando pela manhã) e depois começar o treino para a noite (provavelmente será necessário acordá-la em algum momento da noite). No final sempre dizem que se o uso das fraldas perdurar muito além dos quatro anos, consulte um especialista. Nesta garimpagem achei também blogs bem interessantes, como o da Terapeuta Ocupacional Ariela Goldstein, que faz um trabalho muito bonito na área pediátrica (http://topediatrica.blogspot.com) e o Equilibrium, um Centro de Psicologia (http://equilibri1.blogspot.com/) – vale a pena dar uma olhada. 

Tanta informação prática, contudo nada se compara ao seu corpo a corpo – criança, vaso e você! O que a multimulher mais tem é dilema de mãe. Minha filha mais velha aos quatro anos já não usa fralda, o que me dá grande esperança. Ainda assim, como previamente comentado, uma criança é diferente da outra, de forma que de saída a situação foi outra; a pequena demorou mais para se incomodar com o que fazia na fralda, então dei uma esperada. Comecei explicando todo o ritual no banheiro, não me deu grande importância. Segui em frente deixando só de calcinha pela manhã; depois de várias molhações, a encrenca foi no vaso; o redutor herdado foi deixado de canto – a pequenininha tem pavor a ele (e olhe que é pink). Dei mais uma esperada. Agora decidi usar minha experiência pessoal, ser intuitiva, chega de teorias! Comprei um troninho colorido musical (desta vez vai!). Ela amou o novo “brinquedinho”, tanto que toda vez que a levo ao banheiro ela corre feliz na minha frente, liga a musiquinha e começa a dançar em volta! Socooooooooorro!

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