segunda-feira, 23 de abril de 2012

SUCESSO


O que significa sucesso?

Depende do ponto de vista.

De um modo geral as pessoas segmentam o que pode ser considerado sucesso no âmbito pessoal ou profissional.

Examinando o lado profissional percebem-se muitas formas de chegar ao  almejado topo:

Se for na música, sucesso pode ser ter sua canção como trilha sonora de uma dancinha do Neymar.  Para os mais exigentes, será ter a autoria de um clássico atemporal que embala muitas histórias (até porque o Neymar a cada gol faz uma dancinha diferente).

Caso seu oficio seja as artes cênicas, a idéia de sucesso pode se assemelhar ao que se descreveu para a música; ser uma estrela de 15 minutos na novela das oito ou um grande ícone jamais esquecido.

Para um jornalista o furo de reportagem poderá representar o ápice. Por outro lado, alguns podem perseguir a pesquisa mais aprofundada e a credibilidade do profissional que faz a diferença.

Para um super-herói salvar o mundo deve ser o símbolo maior do sucesso, mas de repente, para não perder a viagem, basta salvar uma mocinha indefesa.

Ah, e o que dizer do lado pessoal. São tantas as coisa que engrandecem o homem...

Neste sentido sucesso pode ser viver um grande amor.

Pode ser trilhar plenamente a maternidade ou realizar o sonho de ser pai.

Quem sabe passar por experiências que te desafiam e te instigam a ser cada vez melhor.

Ou simplesmente perceber-se satisfeito com tudo que já realizou na vida.

Olhando tudo isso com mais detalhe pode-se ousar a dizer que uma pessoa realmente de sucesso precisa ser bem sucedida nos dois aspectos.

Então que tal se inspirar e continuar na sua pequena batalha diária pelo seu sinônimo de sucesso? Ainda que isto signifique aquele treinamento exaustivo até a grande estreia, fracassos repetidos até a indescritível vitória, horas de trabalho intenso até aquelas tão sonhadas férias ou mesmo dias de saudade até os intermináveis abraços e beijinhos da chegada.

sábado, 14 de abril de 2012

USANDO UM SENTIMENTO PARA PROVOCAR A REAÇÃO




Fiquei com raiva daqueles marginais – assaltaram e levaram seu carro em plena luz do dia. Quando lhe vi são e salvo passei a achá-los até “bonzinhos”, afinal haviam lhe entregue seus pertences pessoais, não lhe fizeram grandes agressões verbais ou físicas, e mais que tudo lhe deixaram a vida. Que mundo violento é esse que diante de histórias tremendamente brutais fica-se contente por ter sido “brandamente” acometido?
 
De forma recorrente o assunto violência urbana volta à baila, e é impossível não ser assim dada a gama de situações de violência a que todos estão continuamente expostos, direta ou indiretamente. Dos diversos tipos de violência, a interpessoal em particular causa grande perplexidade. O que leva um ser humano a atentar contra a integridade do outro? Desde um simples furto até o mais cruel latrocínio a essência do desrespeito pelo outro é preponderante. E claro, quanto mais extremo se apresenta esse tipo de violência, mais choca e deixa no ar a sensação de que a vida nada mais vale. Certamente para um sem número de marginalizados a valoração da vida humana destoa do que que se imagina plausível. É um problema relacionado exclusivamente à inversão de valores em que a sociedade, nos moldes concebidos até então, se encontra. Volta-se, também de forma recorrente (mas parece que é sempre pouco), ao berço onde estes valores são fomentados; o seio das famílias. A maneira como se está educando os filhos nos dias atuais colabora para a citada inversão de valores, assim como a desigualdade social e a má distribuição de renda. É preciso pensar seriamente naquela que se convencionou chamar de pirâmide social. Não adianta pensar a sociedade apenas ao nível de seus pares e iguais, pois há gente pobre, com fome, sem recursos além do que você pode ver (ou quer ver). E está chegando um ponto que não se pode mais escamotear estas disparidades; elas estão vindo para cima de todos, chegando cada vez mais próximo, seja no sinal de trânsito, seja na paisagem que se vê da janela dos fundos do seu apartamento.
 
Todo esse cenário é encarcerador, torna a todos reféns, mas sempre resta esperança, senão não seriam todos humanos. A questão é que ao lado deste sentimento de esperança tem que vir atitude naquilo que estiver a seu alcance. Mesmo um ato aparentemente pequeno pode ter o poder de se propagar em uma grande onda. Muito é devido aos poderes públicos obviamente, contudo nisso também há a responsabilidade daquele que elege qualquer um por interesses que não o trabalho pelo povo. Tão atual a poesia de Caetano Veloso – “enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais”. A mudança necessária começa aí em sua consciência para entender o todo que vai além de você. Consciência que é capaz de gerar aquela grande onda, na exata medida em que realiza que “brandamente acometido” só entre aspas mesmo, pois a agressão moral é imensurável e pode deixar cicatrizes difíceis de serem debeladas.

Fiquei com raiva daqueles marginais – agora usando o sentimento para provocar a reação. Tudo aquilo que se possa apontar como parte da gênese da violência urbana ainda sim não a justifica. Marginalizado e marginal são coisas diferentes. Pobreza não é sinônimo de má índole. Simplesmente dizer que o homem é produto do meio minimiza a possibilidade de livre arbítrio e de responsabilidade por suas escolhas.


domingo, 1 de abril de 2012

O QUE EU QUERO ENSINAR A VOCÊ



Mesmo antes de olhar seu rosto já pensava em lhe ensinar tantas coisas. Alisava minha barriga e imaginava longas conversas sobre a vida, sobre como você deveria se comportar e sobre o que realmente é importante na vida. Cantava sempre, desejando lhe passar algum gosto musical, embalar seu sono ou acalmar sua agitação. Quando eu te vi pela primeira vez tive certeza do quanto havia guardado para lhe mostrar. Tive medo de estar sendo pretenciosa, e mais medo ainda de não saber ensinar nada, afinal você era potencial para tudo e eu queria mesmo era lhe permitir todas as possibilidades.

Talvez a primeira coisa que tenha passado para você tenha sido o poder de um afago. Dizem que os bebês começam sua relação com o mundo a partir daí. Desde sempre você soube o que é ter atenção. Os primeiros passos e as primeiras palavras também tinham um pouco de mim. Ao longo do tempo vai chegando o apreço pelas artes e o gosto por aprender. Neste afã por te dar sempre mais acabo me descobrindo ensinando coisas que não fazia idéia saber, como subir em árvores ou dar cambalhotas. E volto à infância lhe mostrando como brincar no balanço, na escorregadeira ou andar de bicicleta.  

Me preocupam as questões materiais, das quais tento estabelecer o verdadeiro valor, distinguindo entre ter e ser. Numa sociedade que valoriza muito mais o primeiro acaba sendo nadar contra a corrente trilhar caminhos com maior ênfase no segundo. Aos poucos vou conseguindo passar noções de respeito, amizade e cidadania.

Penso também nas coisas que não consigo lhe ensinar; jogar xadrez, saltar de asa delta ou mergulhar em alto mar. É quando paira a sensação de incompetência que logo dissipo ao te ver saudável e feliz, crescendo e se revelando uma pessoa de quem me orgulho. E você vai muito além de mim, tendo a vida para aprender o que quiser. No fundo o que de fato é essencial é criar uma atmosfera de confiança na qual você se paute para alcançar suas próprias conquistas.

E mesmo estando em meio à caminhada, me sinto plena ao sabor desta missão que nada tem de unilateral, pelo contrário, se um dia me preocupei tanto com o que tinha a lhe ensinar, hoje percebo que aprendo muito mais com você.