Sabe aquilo que todo mundo repete quando se
tem filhos pequenos? “Pena que crescem tão rápido!” Ouço muito isto. Para dizer a verdade o tempo inteiro, e de
tanto ouvir, introspectei desde cedo que ia aproveitar cada minutinho com as
minhas crias. Esta vem sendo a prioridade número 1; na corrida do trabalho, da
vida cotidiana, das incursões artísticas, dos estudos ou do lazer, o foco é
nelas. Ainda assim, numa pestanejada rápida abri os olhos e me dei conta do
quanto elas cresceram.
Naquela fração de segundo pensei em algo para
lhe falar. Precisava desesperadamente lhe contar o que andei fazendo enquanto
você crescia. Durante esses anos tentei com afinco lhe mostrar o valor da
verdadeira amizade. Esforcei-me para lhe fazer discernir entre o certo e o errado.
Trouxe para você a companhia dos livros pensando em lhe abrir os horizontes, e
com eles a importância dos estudos para conseguir de fato ser livre.
Exercitamos o poder do afago e da gentileza. Constantemente borbulha no meu
peito aquelas angústias –“será que estou fazendo certo?”, “será que o resultado
vai ser bom?” Na verdade o que queria mesmo era ficar grudada em você o tempo
inteiro, mas a razão me impele a lhe dar as ferramentas para um caminho de
autonomia e autoconfiança. Queria lhe dizer que em todos os momentos, desde
aquele primeiro instante em que trocamos um olhar, desejei sempre, como toda
mãe, que você fosse muito feliz. Imaginei formas de fazer isso acontecer, como
se estivesse em minhas mãos. Talvez hoje já me sinta bem insegura quanto a
possibilidade de tomar as rédeas do seu futuro, mas nunca descerei desse vôo
cego de ave-mãe semeando flores em seu caminho. Como se a felicidade fosse um
destino de viagem, pus-me a arrumar suas malas. Coloquei nela vários nãos que
lhe disse ao longo do tempo para que aprendesse a ter limites; muito sim também
porque a vida tem que lhe sorrir; um tanto de fé em Deus para você ter certeza
de que nada lhe faltará; retidão de caráter para seguir em frente com
integridade; bons exemplos para ter sempre uma referência; respeito ao próximo
para buscar viver em harmonia; e claro, enchi todos os cantinhos com o mais
genuíno amor que lhe declaro todos os dias. Com isso, apesar de não garantir
uma viagem sem turbulências, sei que vai ser capaz de enfrentar qualquer
desafio, principalmente o de construir o que você queira chamar felicidade.
E por falar em felicidade, para a minha
própria, constato que vi bem o tempo passar, acompanhando de perto cada
progresso na vida destas que me são tão caras, fitando com toda força o
reloginho da vida na vã esperança de fazê-lo andar mais devagar. Luta inglória,
esta! Já que você tem que crescer, quero assistir, não de camarote, pois mãe
que é mãe cai na pista.
Lindo, verdadeiro, delicado e me fez relembrar quando as minhas eram pequeninas! Adorei o "ave-mãe", vou fazer uso!
ResponderExcluirSulita, como sempre, muito sábia nas palavras...Já senti esse crescimento do filhote/filhotes rsss Fico olhando as fotos e realizo como o tempo passa sem que percebamos...Também curto minuto a minuto o desenvolvimento de meu niño!! rss Bjo!
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