domingo, 8 de maio de 2011

ADOTA-SE UMA MÃE

                                                   Grupo de Apoio a Adoção Mudando Destinos



Há muito queria falar sobre adoção. Por ocasião do dia das mães o assunto ganhou força, principalmente após ter conhecido histórias de famílias que mudaram suas vidas ao adotar novos membros. Todos são unânimes em testemunhar o quanto aquela criança veio para completar a família. Alguns casais passaram  por esta experiência mais de uma vez, seja pela força que se revelou neste amor, seja até por uma incontrolável necessidade de unir irmãos, sendo ainda mais verossímil a tese de que adoção é doação, numa via de  mão dupla em que é difícil saber quem adota e quem  é adotado.  

Dados dos Juizados da Infância e da Juventude estimam que cerca de 4400 crianças estão disponíveis para adoção no Brasil, e quase 27 mil casais dispostos a adotar. A estranheza é o fato de uma conta como esta não fechar. A triste razão para isto está na mentalidade das pessoas - ao se candidatarem, os pretensos adotantes informam sua preferência em relação ao futuro adotado – sexo, idade, cor e etc. Das milhares de pessoas à espera de um filho adotivo, 87% querem apenas uma criança (irmãos são colocados de lado), 37% só aceitam crianças brancas e 78% só aceitam crianças até três anos de idade (a adoção tardia e sem restrições é algo raro no Brasil).

Voltando ao pensamento de adoção como doação e como uma troca mútua, me pergunto como tantas exigências prévias determinam esta relação? Estas exigências muitas vezes estão irremediavelmente contaminadas por preconceitos  de diversos tipos, pela antiga postura de se esconder a adoção (para tanto o adotado precisa ter semelhanças com a família que adota) e pelo temor de que se adotado além da primeira infância o indivíduo já trará traços indesejados na sua  personalidade. Não se pode condenar quem tem todos esses temores, contudo seria mais natural e até mesmo mais saudável uma relação que começasse com aquele mágico momento em uma troca de olhar diz tudo que se precisa saber. Tem haver com empatia e com identificação bilateral que fará com que a aproximação seja uma conseqüência. É a chamada experiência do amor incondicional. Isto acontece quando se adota por amor ao próximo e não por necessidades pessoais ou para preencher lacunas da vida pregressa.

É importante então notar que, assim como para a paternidade biológica, nem todos estão talhados para a adoção. Para alguns é plano desde a infância ou uma forma possível de contemplar seu sonho de família, mas talvez para a maioria não faça parte dos planos de vida. Ainda assim, podemos deixar corações e mentes abertos para a possibilidade de um encontro inesperado com alguém que desperte este amor de filho, também aberto a adotar uma mãe (e pai, irmãos, enfim família). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário