sábado, 2 de abril de 2011

GUEST POST: A VIDA E SUAS OSCILAÇÕES

Há um tempo atrás li este texto no blog mais do que palavras. Reproduzo-o agora para lembrar que é sempre tempo de "levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima";

Não é novidade para mais ninguém a certeza de que a vida é um constante processo de oscilação. Picos de extrema felicidade que, após, repentina tristeza de, às vezes, motivos desconhecidos alteram aleatóriamente nosso humor. Convicções e dúvidas brincam sarcasticamente com nossa mente nos levando a um estado de frustrante irritação emocional, mas logo escavamos uma saída e somos preenchidos por um compensador alívio. Um verdadeiro baile que a vida e seus dilemas nos propõe, digo, impõe a dançar, nem que seja fora do compasso. Nada é constante, nem mesmo um amor. Tudo oscila como uma corrente instável de energia elétrica. Um amor incondicional e aparentemente inabalável pode, de uma hora para outra, adormecer provisóriamente dentro de uma casca de gelo ou até mesmo sucumbir – você acredita em um amor verdadeiro? Que bom, eu também! Mas não acredito que ele seja sempre estável e, no fundo, você também não. Fato! Como eu disse, a vida é um constante processo de oscilação.

Por trás das bases de uma felicidade que é sustentada por fortes e sólidas pilastras, sempre haverá uma que não será tão resistente quanto pensávamos, digo, iludíamos-nos ser e que, com qualquer pequeno toque – uma simples palavra proferida que contradiza o motivo de sua extrema felicidade, por exemplo – poderá por tudo a baixo e lá estará ela novamente, a foice que poda a convicta certeza; ceifa a felicidade do momento; corta as cristas da nossa renovada esperança. Oscilações!

Mas, se tudo que sobe e atinge o seu topo tende, em algum momento, a descer, por outro lado, tudo que atinge o fundo de seu abismo próprio não verá outra alternativa a não ser a de arrancar forças seja de onde for e começar – mesmo que com ritmo bem mais lento do que foi a velocidade com que desceu – a subir. Picos e depressões, altos e baixos… Será que não existe um meio termo? Sim, existe! Mas quem está preocupado em saber como foi a vida do boi quando a picanha está posta, suculenta e dourada, em seu prato? Quando estamos preocupados em atingir o ideal maior, a felicidade suprema, esquecemo-nos de viver intensa e gratamente o pico de felicidade do momento e, quando estamos prestes a atingir o fundo do abismo, deixamos de perceber que ainda não estamos lá e que podemos evitar a queda bruta ou, ao menos, amenizar o impacto que está por vir, ou seja, por mais que exista um meio-termo nós o ignoramos deixando de o viver, digo, deixando de viver.

Em meio à essa vida oscilosa acabamos por oscilar até mesmo as palavras. Um inquestionável te amo é produzido abstratamente em nosso coração, sendo depois firmado em nosso consciente; preenchemos os pulmões de ar; fechamos os olhos em um último inspiro profundo; puxamos o ar que sobe maciamente até chegar à garganta carregando aquele indestrutível te amo, mas algo sai fora do planejado; ao encontrar as cordas vocais, pronta para tomar força e sair cambaleando por nossa boca, aquelas duas palavrinhas acabam sendo barradas por alguma coisa em nosso consciente, um medo; um receio; uma dúvida; um etc., e acaba dando lugar a uma outra sonoridade, talvez um não é nada demais, ou, quem sabe, um deixa pra lá, ou, o que é pior, sucumbe e nada sai de nossa boca a não ser gas carbônico. A vida é engraçada? Talvez, mas nós somos muito, mas muito mais engraçados, só não vemos graças nas nossas, às vezes, inaceitáveis contrariedades que, de fato, é uma grande palhaçada da nossa parte.

Quer um conselho, uma preciosa dica sobre mim? Não me faças uma pergunta esperando por uma resposta 100% sincera - eu poderei perdoavelmente oscilar, mais uma vez – peças-me uma opinião ou até mesmo uma crítica. Garanto que serei mais, bem mais, confiável e plausível. Ah, antes que eu me esqueça, não fiquem, por favor, com a falsa impressão de que sou falso com as pessoas em minhas respostas, ou em parte delas; que minto para alimentar seus insaciáveis egos carentes de palavras de estímulo. Não é nada disso, pelo contrário, estou sendo mais sincero do que muitas pessoas conseguem ser; estou dizendo que NINGUÉM consegue responder determinadas perguntas de forma que as demais pessoas devam dar TOTAL credibilidade às palavras que foram pronunciadas, pois certamente algumas foram ditas por gentileza, ou pior, por dó, ou quem sabe para passar uma boa impressão e, assim, ser persuasivo. Confesso que esta última é uma boa tática e dá certo. Culpado disso? As nossas temperamentais oscilações de humor, sentimentos, pensamentos, conclusões, dúvidas, nossas oscilações de etc., que nos fazem tomar rumos distintos dos que realmente queríamos. Oscilações que nos faz andar escondidos quando, na verdade, queríamos nos expor correndo todos os riscos possíveis. Oscilações, benditas e traiçoeiras oscilações.

Talvez não tenha mesmo nenhuma maneira de se esquivar por completo das oscilações que nos atingem quando menos esperamos, sejam elas béneficas ou prejudiciais, mas que tempero teria a vida se não existissem esses momentos de mudanças radicas de forma repentina? Será a vida um jogo? Então é melhor organizar as cartas e formar a melhor estratégia. Esta que talvez seja a de simplesmente viver e dançar conforme as oscilações procurando jamais perder o compasso.

Michel Carvalho.

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