domingo, 29 de junho de 2014

NOSSOS LUXOS SÃO OUTROS



Nos dias atuais muitas coisas aguçam a vontade, como aparelhos celulares novos, televisores modernos e carros com tecnologia de ponta. Essa materialização dos desejos é bem própria desse mundo globalizado – qualquer estudo básico sobre o capitalismo vai começar versando sobre mais-valia e necessidade, esta última absolutamente atrelada àquilo que se conhece; você só sente necessidade do que você tem ciência. E na velocidade em que se tem ciência de praticamente tudo apenas num clique, é natural que as necessidades se avolumem, ou pelo menos pareçam se avolumar.

Uma vez presos no turbilhão de tais necessidades, vale a pena um exercício simples, seu com você mesmo, de elencar aquilo de que REALMENTE precisa. Feito isto, o saldo certamente será um número reduzido de bens materiais e muitos bens imateriais que não estão à venda; para tê-los precisamos simplesmente cultivá-los. Isso é que é a maravilha de tudo, compreender o movimento da vida e levar dela o melhor. Sem dúvida é um luxo poder realizar seus desejos, mais que isso prospectar o desejo ideal que lhe trará satisfação de fato. Os luxos contemporâneos são outros – tempo, espaço e silêncio são exemplos primorosos.

Organizar tempo para brincar com seu filho, para fazer um jantar romântico, para saber como sua mãe passou o dia, para ligar para aquele amigo que há muito tempo não vê, para exercitar-se regularmente, para ler os livros que empilhou na mesa de cabeceira, para apreciar um bom vinho sem  pressa, para andar descalço na praia sem compromisso; é um luxo pelo qual trabalhar compensa.

No mundo moderno de metrópoles superpopulosas espaço é puro luxo; espaço para morar, para os milhares de carros circularem sem congestionamento, para mantermos áreas verdes e o ar mais respirável, para as crianças crescerem com liberdade.

E o que dizer do silêncio? Melhor mantê-lo. É o que traz tranquilidade, possibilita entrar em sintonia com o universo, agir no sentido de aproveitar o hoje, as pessoas que nos cercam e todo sentimento que nos torna humanos, enfim contemplar a vida, entendendo o que ela tem de verdadeiramente valioso.