domingo, 29 de maio de 2011

INFÂNCIA SEM RACISMO




Esta é uma campanha do Unicef lançada em novembro do ano passado com a finalidade de alertar a sociedade sobre os impactos do racismo na infância e adolescência e sobre a necessidade de uma mobilização social que assegure o respeito e a igualdade étnico-racial desde a infância. É nesta época da vida que tais impactos parecem ser mais catastróficos, tanto para quem é vítima quanto para quem pratica, ambos permanecendo marcados. A criança que é descriminada poderá, a depender de como a família lide com isso, ter o futuro completamente modificado, até por conta da baixa auto-estima. Além da questão psicológica existe a limitação de oportunidades numa sociedade racista. A criança que descrimina o faz por ter aprendido estes valores em seu meio e perpetua a situação até a vida adulta. Cabe a nós pais um importante papel na quebra deste ciclo, ensinando a nossos filhos o valor da diversidade e o quanto devemos respeitá-la, não apenas no discurso, mas principalmente no exemplo.

Segundo dados do IBGE e do Unicef, dos 57 milhões de crianças e adolescentes no Brasil, 31 milhões são crianças negras e cerca de 100 mil crianças indígenas; entre  as crianças pobres 65% são negras; a taxa de mortalidade infantil (até um ano de vida) entre crianças indígenas é de 41,9 óbitos para cada mil nascidos vivos (a taxa nacional de mortalidade infantil é de 19 óbitos para cada mil nascidos vivos); 62% das crianças fora da escola, na faixa de 7 a 14 anos, são negras; os adolescentes negros têm 2,6 vezes mais chances de serem assassinados em comparação aos adolescentes brancos, nas cidades com população acima de 100 mil habitantes. Estes números refletem o quanto as questões de raça ainda norteiam grande parte dos problemas do nosso país. As chances de mudança deste panorama estão em nossas mãos, de várias formas, desde um engajamento institucional neste tipo de campanha até simples atos do nosso cotidiano. Neste intuito o site da campanha (http://www.infanciasemracismo.org.br) divulga, dentre outras ações, dez maneiras de contribuir:

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.
2. Textos, histórias, olhares, piadas e expressões podem ser estigmatizantes com outras crianças, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer.
3. Não classifique o outro pela cor da pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.
4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apoie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente.Toda criança tem o direito de crescer sem ser discriminada.
5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.
7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.
8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.
9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.
10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra; e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.
Então, como prega a campanha; apóie, divulgue, denuncie, crie, aprenda, ensine, mobilize e proteja. Mãos à obra!

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