sábado, 23 de outubro de 2010

RITOS DE PASSAGEM

Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Talvez hoje estas celebrações estejam meio desvalorizadas, mas muitas famílias e grupos ainda mantêm as tradições. Celebrar um marco na vida do indivíduo tem uma importância muitas vezes subestimada, principalmente no que se refere à elevação da auto-estima. É importante também para unir e reunir determinado grupo de pessoas, que vão estar com as energias voltadas para o mesmo intuito num dado momento. Além disso, os ritos de passagem exercem papel destacado na formação dos jovens.

Os ritos mais comumente conhecidos são os religiosos. Mesmo aqueles que não são religiosos praticantes têm sua vida freqüentemente pautada por eles. Na religião católica, a titulo de exemplificação, o Batismo e o Casamento são ritos bastante difundidos. Famílias inteiras se voltam para a realização destes sacramentos que repercutem novos enlaces. Para os judeus o Bar-mitzvah representa com muita seriedade a passagem do menino para o mundo dos homens. Esses exemplos de celebração são muito apropriados do que os ritos de passagem podem representar na formação dos indivíduos. Não deixa de ser uma forma de inserção, de se saber pertencer àquele meio. Na comunidade em que ele vive aquilo é a incorporação de valores como tradição, hierarquia, aprendizado e amadurecimento.

Uma questão a ser levantada, até por ser oportuno quando se fala de tradição, é que nas sociedades modernas estes ritos religiosos vêm sendo encarados mais como uma festa do que como uma cerimônia. O risco aqui é se perder o verdadeiro sentido do momento, que é muito mais de reflexão do que festivo. Obviamente não há que se condenar o lado festivo, afinal nós baianos sabemos como ninguém unir sagrado e profano. O lado festivo também se presta aos citados propósitos de comunhão entre os pares, porém é preciso manter em mente a razão de ser daquela celebração. Poderia aqui citar o Batismo católico, em que os pais estão trazendo seus filhos para receber a graça de ter Jesus no coração e prepará-lo para os outros sacramentos, e estão designando os padrinhos para o papel de guiar os afilhados, tendo a comunidade como testemunha. O outro lado é quando nada além do megaevento é pensado.

Os ritos tidos como sociais variam de um lugar para outro, e estes são muito festivos, mesmo porque não carregam um cunho religioso. Apesar disto, não deixam de ser altamente reflexivos. Em nosso meio são comuns as comemorações especiais de alguns aniversários, de pessoas ou instituições, como fazer Quarenta anos ou Bodas de Prata. É claramente uma festa, afinal ter chegado até ali enseja muitas lutas e glórias, mas é nitidamente uma reflexão. “Quem enta não sai mais (a não ser que chegue aos cem)” *, e daí a repensar um monte de coisas é um caminho natural. O que dizer das Bodas de casamento?, manter uma relação duradoura pode ter muita festa se a gente trabalhar para isso, mas é também um mar de reflexões. Não existe representação mais fiel do amadurecimento e aprendizado, enquanto é também retrato das nossas tradições.


Cumprindo seu papel nas diversas civilizações, os ritos de passagem ainda resistem e são reinventados, atravessam o tempo marcando as famílias e portanto são fundamentais.    Como no dia de hoje, em que nos unimos com os pensamentos voltados para Ana Beatriz e Leonardo, ratificando o quanto mobilizam a todos, o quanto são importantes e todos os sentimentos positivos que despertam. Refletir e festejar é a mensagem. 

2 comentários:

  1. Eu mesma conto! Faltou dar o crédito da frase "quem enta não sai mais", que é de autoria de Daniel Burgos.

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  2. Tudo bem com vc Úrsula?
    Fui seu interno no Sâo Rafael, em 2001... vc nao deve lembar.. mas olha, parabéns pelo blog!
    Adorei e já sou seu seguidor!
    Vc escreve muito bem!
    Abração!

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