sábado, 16 de outubro de 2010

REFÉNS DA MIDIA?




Meu amigo Luiz Claudio fará mais uma edição do seu Curso de Análise Crítica de Artigos Científicos.  Quero muito assistir, pois considero fundamental ver o que há por trás das informações produzidas, sua validade, em que cenário foi gerada, até para poder tomar como verdade ou não. O uso das análises estatísticas e a forma como as perguntas são feitas podem transformar qualquer resultado nas ditas verdades. Esta mesma preocupação com as descobertas científicas extrapolo para as notícias do cotidiano.

Todos percebem o quanto de notícias nos chegam a todos os momentos, ainda mais nestes tempos de eleições, por todos os meios; televisão, rádio, imprensa escrita e internet. Com freqüência nos vemos confrontados com manchetes que mudam o rumo da vida de pessoas, fazem desabar cotação de ações em bolsas de valores, fecham as portas de negócios antes prósperos, desfazem famílias. Não há como se proteger de determinadas notícias, elas simplesmente se espalham numa rapidez impressionante, sem sequer ser conhecida sua fonte. Quando se trata de uma informação verídica, tudo bem, mas e quando o caso é de uma invencionice (ingênua ou proposital)? De repente aquilo se transforma num fato (os chamados factóides).

Talvez aqui se faça necessário um parêntese sobre o tipo de fonte. As notícias instantâneas na internet e Twiter devem ser recebidas com muito mais cuidado a meu ver, já que quem posta preocupa-se justamente em fazê-lo com rapidez. Quando se chega a uma mídia impressa ou um telejornal a apuração dos fatos geralmente é maior. Infelizmente apenas isto não basta, uma vez que boa parte dos meios de comunicação trabalha sob o jugo de determinados interesses, os quais cerceiam a possibilidade de isenção absoluta. Aliás, esta isenção e imparcialidade que seriam desejáveis na mídia em geral, é algo que deve ser sempre questionado ao receber uma notícia. A quais interesses aquele meio responde? Tem mesmo um histórico de credibilidade? E outras notícias veiculadas antes, costumam ser desmentidas? O direito à notícia deve sempre ser garantido, mas é preciso ter em mente que a divulgação errônea acontece com freqüência.

O tipo de consumidor de notícia também varia. Há pessoas que acreditam em tudo que lêem, não fazem nenhum tipo de crítica ao conteúdo, ainda que o divulgado seja totalmente descabido. Estas pessoas acabam por repercutir ainda mais toda espécie de inverdade. Outro tipo de leitor, mais cauteloso, procura se informar melhor sobre os assuntos, ficam atentos às inconsistências das notícias e à origem das mesmas. É saudável questionar, vale à pena buscar informações, na tentativa de se situar mesmo. Hoje em dia, com tantas maneiras de se interar, não se concebe que o cidadão seja um inocente útil somando ao soldo de uma massa de manobra. Isto me faz lembrar a polêmica gerada há alguns anos quando certo jornalista designou seus expectadores de Homer Simpson. O autor justificou-se dizendo que a figura do desenho animado representava para ele o trabalhador comum que chega em casa após uma longa jornada de trabalho e consome aquela notícia do telejornal à procura do que é relevante. Outras interpretações da designação chamaram atenção por Homer também representar o tal inocente útil, sem capacidade intelectual de questionar o que assiste e que digere de forma fácil qualquer informação passada.

Para responder à pergunta que intitula este texto, recorro ao que escreveu o Professor Silas Correia Leite numa matéria sobre educação chamada “Porque estudamos”. Uma das razões é para termos opinião própria, sermos esclarecidos e politizados, com consciência do que eventualmente nos dopa a mídia atrelada, um meio nem tanto ético quanto deveria. Portanto ser refém da mídia é uma questão de escolha; escolher raciocinar ao invés de preferir o mais palatável, escolher ouvir sempre outras versões para fazer um juízo de valor, escolher ser cidadão consciente, mais que isso, escolher ter liberdade.

Um comentário:

  1. O Brasil com sua jovem democracia vive um momento que para mim é de perplexidade. Em pleno século 21 que já está por findar a sua primeira década, surge um candidato a presidência da republica que que utiliza as diversas mídias para fomentar o ódio e o preconceito e para piorar instrumentaliza a religião e a intolerância que pode vir daí.
    O que ele quer?
    Conflagrar o país com uma guerra santa?
    Intolerância religiosa num país em que sabidamente existe uma diversidade gigantesaca é um de um perigo sem tamanho.
    Tenho certeza que existem muitos inocentes úteis como você diz, mas existem muitos outros que não teriam dificuldade nenhuma de apoiar um regime de excessão (um novo golpe) para manter seus velhos interesses quando utilizam dessas ferramentas para propagar estas barbaridades.
    Lembro ainda que a divulgação de calúnias é crime e que poderia virar apenamento judicial.
    No entanto quando recebemos certos spans deste tipo de coisa geralmente os deletamos simplesmente, até porque consideramos quem nos enviou como amigos e eventualmente não queremos constrangê-los, contudo, começo a repensar isto também, pois um pouco de consrangimento não mata ninguem. Pior é ficarmos calados esperando ver o que acontece. Mas como não sou muito bom com as palavras e estou indignado demais com esta sugeira, paro por aqui.

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