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“É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda
existe, pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste!”
Esta frase me é um tanto recorrente, parte de
uma canção dos áureos tempos do Rei, simboliza bem um sentimento ora conflituoso
que trago nesses dias de festa e animação. Como aqueles que se foram estão
sempre em nossa memória, é comum vir à tona uma lembrança nos momentos de
alegria, como em pleno Carnaval, no meio da folia, principalmente quando quem
partiu também era súdito de Momo. Daí a mistura de emoções.
Pode ser uma música, um filme ou até mesmo uma
palavra solta, qualquer coisa serve de gatilho para uma avalanche de
recordações. E você ali, às vezes com tanta gente ao redor, contudo
absolutamente sozinho, mergulhado em si mesmo, numa solidão só sua. Como é
possível alguém tão importante repentinamente não estar mais ali, você meio que
paralisado em sua dor, e tudo em volta continuar no mesmo ciclo circadiano de
sempre.
Em geral tento fugir da palavra culpa, mas ela
também teima em vir à minha mente. Um pensamento que invade feito uma sombra e
que é na verdade um questionamento interno: como ainda ter alegria quando se
viveu uma tristeza tão profunda? Considero uma coisa natural, não há mesmo como
e não se deseja esquecer, então o melhor que fazemos é cultivar as boas
lembranças, aquelas que nos acalenta.
Mais
difícil para uns, menos penoso para outros, a verdade é que o luto é uma
apropriação absolutamente individual. Apesar disso uma coisa é fato; a vida
segue em frente. E com ela surgem todas as alegrias, decepções, dificuldades,
altos e baixos. Aquela pessoa com quem vivemos uma relação de tanto carinho
certamente estaria feliz por nos ver bem. As pessoas que ainda nos cercam e que
nos motivam merecem nosso sorriso aberto. É em nome desse desejo que tocar em
frente se torna possível, mais que isso, necessário, mesmo nas cinzas de uma
quarta-feira.
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