sábado, 22 de setembro de 2012

PAUSA PARA LAMBER A CRIA




Costuma-se dizer que quando nasce uma criança, nasce uma mãe. No primeiro filho esta é uma verdade acachapante, com todas as coisas absolutamente novas a se aprender, sensações jamais vividas antes e uma gama enorme de situações cotidianas que precisam ser administradas. Para os filhos que vêm depois também se muda muito, se é uma nova mãe, lidando por um lado com situações já conhecidas, mas por outro experimentando novos desafios. O nascimento de um filho representa uma maravilhosa onda de emoções que mais se assemelha a um tsunami. E é em meio a tudo isto que decisões importantes precisam ser tomadas.

Nos dias atuais as mulheres conquistaram a possibilidade de optar por ter ou não sua prole, quando e como. Multimulheres que são, encaixam no seu vasto rol de tarefas aquela que certamente é a maior de todas: a maternidade. E por ironia do destino, ou equívoco ingênuo, essa mulher multiinteressada é tomada pelo papel capaz de consumir todos os outros, literalmente, e o que era mais uma função, passa a ser a paixão preponderante. É natural não querer se afastar da cria, sendo comum a sensação de que o período de afastamento do trabalho é insuficiente. Por conta disto muitas mulheres decidem parar de trabalhar quando decidem ser mãe. Tomar esta importante decisão requer planejamento exaustivo e extrema convicção do que se quer.

A dedicação exclusiva aos filhos é muito recompensadora e  indubitavelmente gera uma sensação de dever cumprido, além de facilitar o fortalecimento dos laços familiares. Do ponto de vista prático também é interessante, pois com esse tempo é possível conhecer e interferir mais na rotina das crianças. Mães que optam por este período de afastamento também vivenciam melhor as transformações físicas do puerpério. Aproveitar a parada para ter mais filhos pode ser uma opção, e só retomar as atividades depois de um tempo maior. Mulheres que seguem nesta direção podem se considerar privilegiadas, e verdade seja dita, poucas têm condições financeiras para tal, sem falar que o trabalho em si pode lhe fazer falta.

Em geral essa saída do mercado de trabalho é programada para ser temporária, contudo por vezes este período se estende além do que se imaginou inicialmente, quer por dificuldade de saber a hora certa, quer por percalços na reinserção funcional. De qualquer modo, voltar a trabalhar depois de alguns anos pode ser bastante difícil, e este caminho íngreme precisa ser trilhado com muita consciência. Se aquele planejamento lá atrás tiver sido bem dimensionado, o afastamento poderá ser o ideal para cada uma e o retorno ao trabalho mais facilitado. Mulheres que perdem o tempo de retorno frequentemente se deparam com uma questão até cruel; descobrem-se defasadas para a função que costumava ocupar. Afastamentos mais curtos, por um a dois anos, tendem a ser mais seguros em relação a isto. Dar uma pausa na carreira até os filhos crescerem pode ser mais complicado no que diz respeito ao retorno. É importante pensar no futuro, lembrar de que os filhos crescerão e essa mãe exclusivamente dedicada à família poderá experimentar uma sensação de vazio muito grande. O casamento, por sua vez, fica vulnerável em certa medida e é imprescindível contar com o apoio do parceiro nesta empreitada.

Seja qual for a decisão tomada, depende de cada uma, das expectativas que tenha em relação à vida e ao trabalho, das questões econômicas, enfim, do modus operandi de cada arranjo familiar. Não há regras. O fundamental é estar bem consigo mesma.


Nenhum comentário:

Postar um comentário