domingo, 9 de setembro de 2012

FINITA PAIXÃO?



Tentando definir o que é paixão. Um sentimento que se alimenta de fogo, velocidade e adrenalina; aquela loucura e vontade de estar junto, aquele friozinho na barriga que antecede cada encontro; um nó na garganta, a dúvida, o sobressalto quando o telefone toca; sensação de jovialidade, mas que isso, de que se está vivo. Pena que a ciência já bateu o martelo: a paixão acaba. Postulam inclusive que ela dura em média dois anos. Se fôssemos escolher ela duraria para sempre, mesmo sabendo que para tanto se despende uma enorme quantidade de energia e que custa atenção que é sonegada a várias outras áreas de sua vida; pouco importa, quem mergulha nesta aventura o faz feliz.

Uma criatura apaixonada é capaz de quase tudo, vive no verdadeiro éden, rindo à toa. O mundo ganha um colorido diferente e a sensação de bem estar se espalha de maneira avassaladora. Algo assim, tão insidioso, soa tão fantástico que é sempre alvo de diversos ensaios, sejam artísticos ou científicos. Na arte a paixão se espalha por toda parte; músicas de corações dilacerados, filmes arrebatadores e crônicas acachapantes. Aliás toda paixão é embalada por uma bela e envolvente canção. Aos cientistas, desde a neurociências até a psicologia, coube, como vício de função, justificá-la (ainda que no capítulo destinado à conclusão só lhes reste estabelecer que não é preciso justificar a paixão). Neste campo uma característica da paixão já foi destacada – seu poder analgésico. Isso mesmo! Um estudo americano revela que as experiências de dor física são minimizadas pela paixão, aparentemente por ativar neuroreceptores idênticos aos ativados pelos fármacos.

Muito já se falou sobre a diferença entre paixão e amor, a primeira tachada como efêmera e inconsequente, turbulenta como uma montanha russa; já o amor significa navegar em águas calmas e longevas. Tais adjetivos soam por vezes pejorativos, contudo fato é que todo mundo quer viver uma paixão. E olhando com intimidade a questão, paixão e amor estão mais para metades indivisíveis de um único sentimento do que opositores ferozes. Mais provável que sejam espectro de um mesmo estado patológico do qual não se deseja curar jamais.

Para felicidade geral (e quem sabe até consolo), aquela sentença de finitude da paixão já foi contestada – cientistas da Universidade Stony Brooks em Nova York analisaram a atividade cerebral de casais que estão juntos há muito tempo e descobriram que 10% deles mantém as mesmas reações químicas que casais em início de romance. Não se sabe que fatores influenciam nisto, mas as descobertas indicam que alguns “elementos da paixão amadurecem, permitindo que alguns casais consigam desfrutá-los por longo tempo”. Cabe a cada um tecer os meios de manter a chama sempre acesa, e aqui permitam mais uma vez citar o poetinha: “que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Seja qual for o embasamento, científico ou não, é bastante saber que em se tratando do coração (e da mente) tudo é possível.

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