sábado, 22 de janeiro de 2011

SERENATA DO ADEUS


O poema Serenata do adeus fala da dor de amor, mas foi lembrado na vivência da morte de uma pessoa querida neste final de semana, dando início a uma jornada reflexiva importante. “Amar é se ir morrendo pela vida afora, é refletir na lágrima um momento breve de uma estrela pura cuja luz morreu”. A morte, apesar de inexorável à existência humana, continua sendo uma experiência dolorosa. A reflexão se deu em torno da total incapacidade de se estar preparado, sendo sempre um processo doloroso, talvez por colocar de frente o medo da própria morte ou por sempre trazer uma sensação de perda.


A crença religiosa e a espiritualidade em suas diversas formas fazem a aceitação ser possível. Por se entender que a vida não acaba aqui vislumbra-se que a morte é apenas uma passagem, embora sempre fique a saudade.  Chorar e extravasar toda a emoção do momento é natural pois é uma forma de viver o luto.    Ainda assim, não se pode considerar estar preparado para morte do outro (nem para a nossa, mas aí já é assunto para outro post).

Quando se fala sobre estar preparado para a morte pensa-se logo em, uma vez tendo-a como certa, não sofrer com ela. Veja que é impossível. Como dissociá-la daquela citada sensação de perda? Por outro lado, se o pensamento for viver de forma reta, fazer da convivência com as pessoas um ato de amor e não ter arrependimentos, estar preparado torna-se possível. É saber que aquele que partiu teve tudo de você, que nada ficou sem ser dito e que as coisas que nortearam aquela vida serão levadas adiante. 


Por fim revela-se uma certeza alentadora, que providencialmente embaça a provável nostalgia que o texto provocou, de que estar preparado é no fundo uma maneira de celebrar a vida.                                                           

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