sábado, 11 de dezembro de 2010

Hey, John!




Abri os olhos com Catarina cantarolando “I wanna hold your hand...” Pensei no quanto os Beatles ultrapassaram seu tempo, seguem reverenciados por gerações, servindo até como elo de ligação entre elas, uma vez que esta paixão passa de pai para filho. Exemplo disto pode ser visto em recente visita de Paul McCartney para shows no Brasil - familias inteiras correndo para os estadios na mesma sintonia. Estes pensamentos ficaram muito mais recorrentes porque nesta semana se completa 30 anos que John Lennon foi assassinado.  Sou fã da boa música, e como tal ouço Beatles, como se costuma dizer, forever! Deste tipo de idolatria surgiu o termo “beatlemania”, termo que a imprensa britânica passou a usar para designar a imensa popularidade dos meninos de Liverpool. Lennon entrou para a história já por seu destaque no grupo, onde escrevia grande parte das letras, e conseguiu manter-se sob os holofotes mesmo após deixar a formação, mas confesso que a fase inicial é a que mais gosto - aquela garotada toda histérica, aquelas perseguições emocionantes, tudo que dominou de forma absoluta o cenário daquele tempo.

Vários foram os documentários exibidos esta semana, forma de tributo ao ídolo que nunca morre; sua obra com e sem os Beatles se perpetuou. Tenho especial admiração por pessoas que se reinventam ao longo de sua existência. E assim foi Lennon - para horror dos “beatlemaníacos” sua transformação tem como marco seu encontro com Yoko Ono – nos anos 60/70 era um jovem irreverente, inconseqüente, formando a dupla mentora do grupo com Paul McCartney; depois foi influenciado pela forma de manifestação artística de Yoko, passando a atuar de forma menos convencional e com ativismo político, no estilo love and peace. Diferentemente de vários astros de sua época, não morreu de overdose, livrou-se das drogas  a tempo de na sua carreira longe dos Beatles passar a dar vazão aos ideais libertários, constituir uma familia. Aliás tem uma passagem do documentario "Simplesmente Lennon" que mostra muito esta fase familia, em que John resolve ir direto para casa para ver o filho ainda acordado. As mudanças na vida dele foram tantas, que os próprios admiradores ficaram meio perturbados; aquele  que pregava contra o consumismo agora morava no quarteirao mais cobiçado da cidade. Para mim representa a transformação normal que as pessoas têm e devem ter, um crescimento na arte e na vida. 

Tanta coisa de sua autoria, das diversas fases, vêm à mente...”come together”, “stand by  me”, “give peace a chance”, “all we need is love”, “you may say I’m a dreamer, but I´m not the only one”, e tudo que embala até hoje momentos memoráveis da vida de cada um. Era um poeta, disse frases que ecoam até hoje; uma em especial sempre me dar forças: “quando fizeres algo nobre e belo, e ninguém notar, não fique triste, pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e, no entanto, a maioria da platéia ainda dorme”. E as tais manifestações político/artísticas nada convencionais? A lua de mel com Yoko Ono ficou conhecida como “bed in”, uma forma que encontraram de se juntar à contracultura balisados por personalidades da época que lutavam por ideais diversos, e ironicamente questionar porque perder o sono com a paz mundial. Seja como for, apesar do ato insano de um fanático, alvejando o artista em frente ao Edifício Dakota com cinco tiros em 08 de Dezembro de 1980, John Lennon ainda está vivo aos 70 anos, tal a forma como marcou a humanidade.

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