sábado, 4 de dezembro de 2010

FAÇAMOS A NOSSA PARTE



"Eu não dou dinheiro na mão de bandido!" Esta frase dita pelo cantor, ator e jornalista Léo Jaime em entrevista sobre criminalidade ficou impressa na memória (em que pese o fato de ainda não ter opinião formada a respeito de sua campanha em prol da descriminalização das drogas). Trouxe bem a medida do quanto a postura do indivíduo é fator determinante no tipo de sociedade que queremos ter. É a questão do cidadão de bem escolher o lado em que está, e aquela simples assertiva faz a diferença quando tomada como princípio. O tal bandido (seja qual for o tamanho da contravenção ou delito) estará sendo fortalecido, provavelmente em certas ocasiões estará ali sendo forjado. Enconde-se neste cenário um ciclo vicioso de alta periculosidade. Não há espaço para concessões quando o assunto é criminalidade – dar um “jeitinho”, comprar produtos piratas, pagar propina para escapar de uma multa, ser o comprador que sustenta o tráfico de drogas; em maior ou menor grau são formas de alimentar o crime.

Generalizou-se a coisa, muitas vezes tida como natural e inofensiva, desde a compra de um CD pirata até o uso recreativo de drogas e entorpecentes. Alcança todas as esferas da criminalidade, até os corruptores e pagadores de propinas, junto com os corruptos e os subornados. A tese de que a conduta de cada um pode fazer a diferença parte da premissa de que se há os que seguem vendendo é porque há os que compram; a simples lei da oferta e procura. Pode parecer um exagero quando, por exemplo, tomamos o caso da pirataria – tão inocente comprar uma cópia baratinha do filme que ainda está em cartaz, afinal vendem os originais a preços tão altos! (de fato os preços são altos, carregados que são pelos impostos). O outro lado a ser analisado é a indústria que há por trás destas vendas, de sonegação e de enriquecimento de atravessadores, às custas do trabalho de artistas e técnicos. Dá o famoso “jeitinho” para fugir de uma multa à primeira vista não prejudica ninguém, mas pense no tipo de mentalidade que se fomenta, no tipo de ensinamento que passamos para o nosso filho sentado ali no banco de trás, sem falar que se estamos infringindo a lei temos que arcar com o ônus.

Obviamente, como descrevem os criminalistas, a violência de um modo geral tem causa multifatorial, dentre eles já conhecidos fatores condicionantes como a fome, a exclusão e a desigualdade social. Não há como não bater mais uma vez na mesma tecla - questão da educação. É da educação de qualidade que podemos esperar uma mudança no comportamento do indivíduo, até por esta lhe proporcionar maiores oportunidades. A impunidade também está entre as causas apontadas, pois é difícil ver os crimes serem julgados e os culpados punidos com a morosidade da justiça e com o sistema prisional que temos. A sensação de que se pode tudo e que dificilmente se é pego faz com que viver na marginalidade seja fácil. Ainda assim, é da atitude individual que se constrói a face que dada sociedade tem.

Talvez resida aí a origem de tudo, na falsa impressão de que os comportamentos são todos isolados e que não repercutem no todo. É preciso escolher de forma reta o seu caminho e ser rigoroso em relação a ele. Desde o simples troco errado no supermercado, agir com honestidade nos atos mais corriqueiros do cotidiano. É comum apontarmos o outro e darmos explicações alheias à nossa capacidade de intervenção, mas como exercício vale olhar nossas próprias atitudes. Não podemos nos isentar de nossa responsabilidade. E façamos nossa parte!

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