Nos dias atuais muitas coisas aguçam a
vontade, como aparelhos celulares novos, televisores modernos e carros com
tecnologia de ponta. Essa materialização dos desejos é bem própria desse mundo
globalizado – qualquer estudo básico sobre o capitalismo vai começar versando
sobre mais-valia e necessidade, esta última absolutamente atrelada àquilo que
se conhece; você só sente necessidade do que você tem ciência. E na velocidade
em que se tem ciência de praticamente tudo apenas num clique, é natural que as
necessidades se avolumem, ou pelo menos pareçam se avolumar.
Uma vez presos no turbilhão de tais
necessidades, vale a pena um exercício simples, seu com você mesmo, de elencar
aquilo de que REALMENTE precisa. Feito isto, o saldo certamente será um número
reduzido de bens materiais e muitos bens imateriais que não estão à venda; para
tê-los precisamos simplesmente cultivá-los. Isso é que é a maravilha de tudo,
compreender o movimento da vida e levar dela o melhor. Sem dúvida é um luxo poder
realizar seus desejos, mais que isso prospectar o desejo ideal que lhe trará
satisfação de fato. Os luxos contemporâneos são outros – tempo, espaço e
silêncio são exemplos primorosos.
Organizar tempo para brincar com seu
filho, para fazer um jantar romântico, para saber como sua mãe passou o dia,
para ligar para aquele amigo que há muito tempo não vê, para exercitar-se
regularmente, para ler os livros que empilhou na mesa de cabeceira, para
apreciar um bom vinho sem pressa, para andar
descalço na praia sem compromisso; é um luxo pelo qual trabalhar compensa.
No mundo moderno de metrópoles
superpopulosas espaço é puro luxo; espaço para morar, para os milhares de
carros circularem sem congestionamento, para mantermos áreas verdes e o ar mais
respirável, para as crianças crescerem com liberdade.
E o que dizer do silêncio? Melhor mantê-lo. É o
que traz tranquilidade, possibilita entrar em sintonia com o universo, agir no
sentido de aproveitar o hoje, as pessoas que nos cercam e todo sentimento que
nos torna humanos, enfim contemplar a vida, entendendo o que ela tem de verdadeiramente
valioso.