Recentemente li reportagem sobre foco. Como
mote para a história toda estava o lançamento do livro do psicólogo americano
Daniel Goleman. Conhecido pelo best
seller Inteligência Emocional, o autor, Ph.D. pela Universidade de
Harvard, no livro intulado Foco, postula
que estamos diante de uma geração sem foco. Pensar em foco me remete
imediatamente à questão tempo.
Falta de tempo deve ser a reclamação que mais
ouço, tanto pessoal quanto profissionalmente. Há alguns anos abandonei esta queixa desde que
fui apresentada à frase atribuída a Albert Einstein: “falta de tempo é desculpa
daqueles que perdem tempo por falta de método”. E de forma intuitiva sempre
percebi uma simbiose entre o citado método e o foco, de forma que tê-los ambos
possibilita ter o tão sonhado tempo. Talvez o reflexo disto esteja labuta de
tentar ser ora multiinteressada e ora multitarefa, em geral um misto das duas. A
verdade é que muitas vezes nos perdemos na correria do cotidiano, e encontrar o
foco, manter um método e conquistar tempo parece impossível. Ainda mais nos
dias atuais, em que tudo é tão urgente, em que tantas coisas nos dispersam. O
mundo vai girando numa velocidade tal que os interesses e as áreas a que
supostamente temos que dar atenção se multiplicam em progressão geométrica. A tecnologia
e o excesso de informações são grandes vilões nesta história, sobretudo por não
sabermos fazer um uso racional deles. Por que responder uma mensagem de celular
é tão urgente que preciso teclar enquanto dirijo? Por que ficar de olho pregado
no celular é mais importante do que interagir com quem está do meu lado em
carne e osso? Se libertar destas amarras com certeza é um exercício muitas
vezes penoso, contudo é um caminho que precisamos trilhar cedo ou tarde, sob
pena de emburrecer interna e externamente.
Para as novas gerações esta falta de foco é
ainda mais evidente. Todos os textos são muito longos, todas as palavras podem
ser abreviadas e estar com todos estando com ninguém é um hábito. É óbvio que o
contrário também danoso. A atenção extrema, estar todo o tempo ligado gera
tensão e ansiedade, além de restringir a visão do mundo. Imaginar que se pode
multiplicar as horas do dia é uma fonte de esgotamento mental e físico. Fundamental aqui, como em tudo, é a busca pelo
equilíbrio, e esse é o nosso verdadeiro desafio. Fatalmente recaio sobre a
nossa responsabilidade como pais e educadores para restabelecer-lhes um senso
de prioridades. Desde pequenas coisas como parar um tempo e ouvir uma boa
música ou ler um bom livro, até concentrar-se nos estudos, planejar uma
carreira, passando por dar valor a estar com as pessoas ao vivo e a cores. É
uma espécie de treinamento em que se elenca as coisas por prioridade para
conseguir alcança-las todas a seu tempo.
Manter o foco, segundo o autor, depende de
manter momentos de reflexão, concentrar-se nos diversos aprendizados de forma a
sedimentá-los. Foco é uma habilidade
muito mais ampla do que à primeira vista parece; engloba a esfera interna de
cada um, a capacidade de concentração apesar do que nos rodeia; a esfera
externa que é a capacidade de ler o ambiente e perceber o terreno onde estamos;
e a esfera empática, aquela voltada para o outro, a forma como nos relacionamos
com nossos pares. Conseguir sustentar estes pilares é tarefa para se construir
todos os dias, exercitar. E é o que nos possibilita seguir motivados, cumprir metas pessoais e
obter bons resultados em tudo que nos envolva.
Muito bom texto, Sulita! Vc é multifocal! rsss
ResponderExcluir