“Prepara que é hora do show das poderosas!”. Como
diz a letra da música, a mulherada hoje quer e tem poder. Adotam uma postura de decisão, querem traçar seus próprios
destinos. Eis o motivo de tanto sucesso deste quase grito de guerra em que a
mulher está no comando, nada mais atual. Por outro lado os Tons de Cinza viram
best sellers, a autoridade masculina levada ao último grau alvoroça a psique feminina. Dialético sim, mas
é essa a mulher moderna, a multimulher.
O fenômeno é quase palpável; a mulher traçou
um caminho que revela uma ânsia por ter um pouco de cada coisa, viver com o
melhor de tudo. E é absolutamente lícito. Muita coisa que antigamente era
natural nas relações tornou-se inadmissível nos dias de hoje, a mulher passou a
ter voz ativa em vários aspectos que antes não tinha, segue reivindicando seu
direito de decidir, e isso se reflete do escritório ao canteiro de obras, da
sala de estar à cama do casal. As estatísticas mostram o quanto estão à frente
das empresas e o quanto detém da renda familiar. Há total possibilidade de se
realizarem profissionalmente, estarem em postos anteriormente apenas ocupados
por homens, decidem quando e com quem vão estar, adiam ou não a maternidade, ou
optam por viver sem ela.
O mundo se abriu completamente e as escolhas
são infinitas, mas isso tudo não trouxe a satisfação esperada. Que toda mulher
quer ser amada já ouvimos de Rita Lee, que também sentenciou - mulher é bicho
esquisito. Querem e têm poder mas querem exercê-lo na dita hora certa, sentem
uma falta quase pré-histórica da proteção masculina. E não se engane, pois por falar em pré-histórico, tem hora que querem
mesmo é ser arrastadas pras cavernas, ter um homem para tomar as rédeas, sem
falar em alguém para abrir a porta do carro, ceder seu casaco numa noite fria,
e porque não, pagar a conta. Um amante à moda moda antiga tem sua hora e seu
lugar.
E fez-se a confusão. Para eles é claro.
Quando ser o quê? Impossível não se remeter a um questionamento freudiano que eternamente
povoa o imaginário masculino; afinal, o que querem as mulheres? E se for viável
elaborar uma resposta ela está justamente nesta ambivalência. Conquistou-se um
espaço social e profissional desenhado pela luta por igualdade de direitos com
os homens, consegue-se com naturalidade uma divisão de tarefas no lar impensável
há cinquenta anos, viu-se os homens reagirem de maneira positiva, ocupando seu
lugar na rotina das famílias e em especial dos filhos, tem-se uma liberdade de
escolhas de como e com quem viver. Contudo, a mulher não deixou de apreciar
cavalheirismo e gentileza, ainda quer um homem que ame com proteção, resquícios
do provedor de outros tempos, machista talvez, mas acima de tudo macho. A mulherada
quer que o homem de hoje seja gentil e companheiro, mas tenha “pegada”, tem que
ter inteligência para transitar na alternância de poder e saber a hora certa de
dominar.
A boa notícia é que o equilíbrio é possível,
mulheres e homens expressando sinceramente suas vontades e conseguindo
harmonizar tantos anseios, e neste ponto a palavra de ordem é antiga; cada um
cede um pouco, tudo em função de algo maior que é estar junto. O verdadeiro poder
reside nesta capacidade de transmutar e transcender.
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