Como dizem por aí, “na prática a teoria é
outra”. Muito já foi dito sobre o quanto a superproteção pode ser prejudicial ao
desenvolvimento das crianças, o quanto este comportamento as impede de
vivenciar questões importantes para o seu amadurecimento e o quanto contribui
para que se tornem adultos inseguros. Consigo facilmente identificar casos
extremos, porém existe uma gama de
situações intermediárias que guarda uma linha divisória bastante tênue. Qualquer
pai ou mãe deseja o melhor para o seu filho e muitas vezes nesta ânsia a
barreira entre atitude saudável e comportamento patológico é ultrapassada. Mas
como discernir o limite entre ambos?
Proteger os filhos é uma obrigação. Cuidar de
sua integridade física e emocional, guiá-los no aprendizado do convívio social
e ensiná-los a ter limites são formas de proteção. As concepções do que é
importante para formar um ser humano íntegro sofrem interferências dos diversos
tipos de arranjos familiares, mas em linhas gerais partilham os mesmos
princípios. O outro lado que é a proteção física, também preocupa muito, e é bastante
óbvia. A gente fica com um medo enorme das quedas quando estão aprendendo a
andar, depois se cerca de cuidados ao escolher o transporte escolar (ou por
outra acha que o mais seguro é levar no próprio carro), repete as mesmas
recomendações duzentas vezes antes de deixa-los viajar com a turma, e assim por
diante. Quando olhamos um mundo de tanta violência e falta de civilidade,
crianças expostas a tantas ameaças, centenas de casos de pedofilia, é
impossível não introspectar a sensação de que o perigo mora ao lado. Quem consegue
ser cem por cento do tempo controlado e não ter nenhum comportamento no mínimo exagerado?
Confesso que muitas vezes penso que é melhor pecar por excesso.
Especialistas apontam que o traço patológico
aparece quando por mais que cuide do filho, o indivíduo mais teme que algo de
mal lhe aconteça. O pai superprotetor tenta retirar os obstáculos do caminho
dos filhos na intenção de tornar suas vidas mais fáceis. Por outro lado cobram
muito dos filhos. Forma-se então, uma relação viciada, criando pequenos tiranos
despreparados para a vida.
É no meio desta discussão que de vez em
quando dou uma pirada. De novo: na prática a teoria é outra. Virou moda apontar
erros na educação, afirmar que os pais modernos criam seus filhos em
verdadeiras redomas. Para ser franca, acho mesmo que tenho que poupar minhas
filhas de certos dissabores. Claro que sempre há o dilema; realmente raciocino
que em dadas situações o mais enriquecedor para elas é ser entregue ao
ambiente relativamente hostil e dessa forma deixa-las aprender com seus
próprios erros e acertos. Deixá-las experimentar para fazer seu próprio juízo
das coisas, para se fortalecer mesmo diante das adversidades. Criar seres
humanos com vocação para a felicidade é uma meta ambiciosa, mas quero seguir
com ela. Talvez porque ainda estejam muito pequenas me sinta até confortável em
oferecer minhas asas, mas vislumbro o futuro de duas adolescentes e depois duas
mulheres e o quanto vou saber ir soltando as amarras?
Por fim, após refletir bastante sobre o
assunto, não tenho resposta pronta, vou aprendendo à medida que as questões me
são impostas. Percebo que felizmente ou infelizmente não existem fórmulas e que
vou ter que ir tateando essas situações aos poucos. O que resta é me agarrar ao
bom e velho bom senso (com perdão do trocadilho). Entre erros e acertos espero poder
dizer que tudo valeu a pena.
O bom senso é a o mais importante de tudo o que se faz! Contudo o efeito dos erros existe, a grande sabedoria é percebê-los, pois mesmo nos melhor bons sensos possível podemos cometer erros e equívocos ruins! E corrigi-los é fundamental! E é claro torcer sempre para que os nossos acertos sejam sempre superiores aos nossos erros! Quanto menos correções melhor para o desenvolvimento e a saúde das crianças e a formação real de adultos íntegros e convictos de seus acertos e é claro serão capazes de usar também e corretamente o bom senso no futuro!
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