domingo, 7 de outubro de 2012

O SACO DE BESTAGEM DE VANDEU

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Domingo é dia da meninada. A programação vai sendo adaptada ao gostinho dos pequenos e invariavelmente envolve saídas longas. Quem tem filho pequeno sabe que uma mochila é sempre bem vinda, onde se coloca coisas que possivelmente vão usar, mesmo para os maiores, é um lanche, uma água ou uma muda de roupa. Até aí tudo normal. O engraçado hoje foi a interferência das estrelinhas na arrumação da tal mochila (coisa que vem se tornando bastante comum) – é tanta buginganga que acham importante levar, inclusive todas com justificativas extensamente balisadas, seja a cabeça decepada de uma boneca velha ou uma toalhinha rasgada deixada de lado, passando por um bloquinho de papel e um lápis sob o disfarce de diário a título de se escrever as aventuras que acontecerem no passeio. E nessa hora algumas coisas vêm à mente: o peso da mochila, toda hora ter que abrir a mochila, por consequência ter que fechar a mochila, derrubar um monte de coisa no abre-fecha da mochila e torcer para não esquecer a bendita mochila. Fez lembrar  O SACO DE BESTAGEM DE VANDEU (assim mesmo com letras maiúsculas dada a entidade de que se tratava).

O tal saco (saco mesmo!) era emblemático, inseparável de seu dono e parecia ter vida própria. Parecia ser uma espécie de alterego e às vezes é possível que chegassem a dialogar entre si, dono e objeto. Simbiose como esta suscitava fantasias a cerca do que haveria dentro dele, ainda mais para quem, puxando agora da memória, nunca vira o conteúdo do saco. O episódio de hoje revirou-o e viu tanta coisa lá dentro, afinal que lógica pode ter a fantasia? E não é que viu que levava também seu caderninho para anotar as aventuras do dia, que não eram poucas,  e as tiradas impagáveis, contar do amor que tinha pela família, do quanto sabia curtir a vida, explicar a diferença entre pôde e podre, além de ensinar a encarar o mundo com o mais genuíno bom humor.

Sendo assim, deixa as pequenas colocarem o que quiserem na mochila, aliás cada uma com a sua, um território particular onde tudo é possível, criando seu próprio saco de bestagens onde poderá brotar livremente suas fantasias de criança e um dia poder ser uma deliciosa lembrança.

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