quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A MORTE DA DIALÉTICA



“Toda unanimidade é burra”. A frase atribuída a Nélson Rodrigues expressa o quanto a dialética é importante para o enriquecimento humano. Manter viva a discussão no sentido de  fazer refletir é fundamental para mover o pensamento adiante.

A presença da dialética supõe confronto de idéias, não necessariamente o conflito. Requer respeito e serenidade para que ter diante de si o outro lado da moeda suscite a busca pelo denominador comum, e não simplesmente dominar. Não por acaso, os opostos se atraem a fim de se complementarem. Discordar é bom e é saudável, desde que seja privilegiada a tolerância. Quando a dialética morre, o discurso se torna vazio, mera retórica, e que não leva a lugar algum.

Nos dias atuais o antagonismo das idéias muitas vezes parece pálido; criaram-se diversas ditaduras de comportamento e padrões a que todos devem seguir. Quem pensa fora da caixinha é tido como inadequado. Casos de bulimia e anorexia têm como origem a necessidade extremada de se encaixar em dado estereótipo. E as pessoas que vivem marginalizadas por terem um estilo de vida que se distancia de um status pré-determinado. Assim acontece no campo político, quando adversários limitam-se à agressão mútua e a apontar os erros do outro, esquecendo-se do foco da disputa. Pouco adianta levantar os problemas sem pensar para eles soluções e viabilizá-las. Aqui cabe perfeitamente aprender a ouvir e pensar na contribuição que cada um tem a dar.

Em suma, fazer pulsar a dialética é um exercício diário e significa sair da atitude defensiva, pressuposto para viver em harmonia, respeitando as diferenças.

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