segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

ESCOLHENDO A ESCOLA DAS CRIANÇAS

DA SÉRIE "ADAPTAÇÃO ÀS MUDANÇAS"
A palavra adaptação significa acomodação, ajuste, e graças à imensa capacidade de adaptação do ser humano as mudanças vão sendo aos poucos incorporadas e se atinge a homeostase.



Decidi que esse seria o ponto de partida. As outras coisas viriam em função disso. Se a escola pudesse ser perto do trabalho, melhor ainda. Na escolha da primeira escola muita ansiedade é colocada em função do desconhecido. Neste caso já não é a primeira escola de uma das meninas, mas a primeira da outra e aí... mais ansiedade ainda – a mais velha precisa se sentir acolhida de novo e a menor precisará de todo o cuidado do iniciante.

Na educação infantil algumas coisas são peculiares; esta seleção tem muito de intuitivo, mas existem as questões objetivas a se analisar, pois precisa haver equilíbrio entre as possibilidades de aprendizado e os cuidados corriqueiros com os pequenos, o que exige avaliar a filosofia da escola, a linha pedagógica adotada, qualidade de ensino, atividades extracurriculares e segurança. 

A filosofia da escola, que em princípio pode parecer de menor importância, é a base para se ter uma formação em sintonia com a família e tem muito haver com a metodologia de ensino da escola; não se escolhe uma escola de orientação católica se a família segue outra religião, do mesmo modo não se escolhe uma que prioriza meramente o conteúdo se o aspecto humanista lhe for de maior peso.

A linha pedagógica adotada não é necessariamente boa ou ruim e todas no final vão chegar ao objetivo da educação infantil que é alfabetizar. É importante salientar que o ensino infantil / fundamental no Brasil do ponto de vista institucional vem tendo um grande redirecionamento nos últimos anos, culminando com o chamado Ensino Fundamental de nove anos. O método Tradicional de ensino tem como objetivo principal universalizar o acesso ao conhecimento, acreditando que a formação do senso crítico e criativo depende da bagagem adquirida e do domínio dos conhecimentos, não havendo lugar para o aluno atuar, agir ou reagir de forma individual. As principais correntes de pensamento que se apresentam como alternativas ao método tradicional de ensino são a Construtivista (onde o aluno é levado a encontrar respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com o mundo que o cerca, enfatizando o erro como estratégia de aprendizado e desenvolvimento do raciocínio, condenando a rigidez dos procedimentos de ensino e avaliações padronizadas), Montessoriana (que enfatiza as potencialidades individuais, priorizando o desenvolvimento da autoconfiança e do autoconhecimento em detrimento das conquistas materiais, com os professores servindo como guias na remoção de obstáculos da aprendizagem e trabalhando as dificuldades de cada aluno, que é avaliado pelas tarefas diárias) e Waldorf (divide o ensino em ciclos de sete anos, com aprimoramento cognitivo e o emocional recebendo igual atenção, predominando o desenvolvimento de habilidades em lugar do mero acúmulo de informações, cultivando a ciência, a arte e valores morais e espirituais, onde não há repetência e avaliação também é pelas atividades diárias). Felizmente as escolas vêm passando por modificações em suas propostas baseadas nas diversas concepções de aprendizagem na área, encontrando-se muitas vezes uma mescla. 

A qualidade de ensino independe das questões abordadas anteriormente, pois requer bons profissionais e experiência na área, bem como recursos materiais e estrutura para exercer as diversas possibilidades do método de ensino acolhido. A avaliação dessa qualidade obviamente depende do objetivo alcançado pela instituição dentro da metodologia escolhida, devendo-se deste modo questionar o desempenho dos alunos oriundos de dada escola, mantendo a mente aberta ao fato de que qualidade de ensino de verdade é a que consegue conciliar qualidade de educação (ensino seria a organização das atividades para compreender as áreas específicas do conhecimento e educação agrega tudo isto à vida cotidiana), o que equivale a dizer que o citado desempenho não é simplesmente passou no vestibular ou foi bem no ENEM (até porque existem controvérsias em relação aos diversos protocolos de avaliação, crianças precisam de muito mais que isso e não existe um único indicador para se aferir esta qualidade). Um documento do Ministério da Educação (http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/indic_qualit_educ_infantil.pdf) enuncia alguns aspectos devem ser vistos nesta análise; o respeito aos direitos humanos (criança bem tratada e como criança), a valorização das diferenças (sejam étnicas, de religião, de gênero ou aos portadores de deficiências), o cuidado com meio ambiente e ao desenvolvimento de uma cultura de paz, cumprimento da legislação educacional brasileira e os conhecimentos científicos sobre o desenvolvimento infantil.

As atividades extracurriculares são aliadas para abranger a visão de mundo da criança e tentar desenvolver suas potencialidades. São atividades ligadas a música, dança, artes plásticas, teatro, literatura, línguas e aos esportes. A maioria das escolas de educação infantil já oferece parte destas atividades, inclusive com a musicalização infantil passando a ser exigência curricular. Esta alternativa pode ser mais cômoda e econômica, mas se podem encontrar cursos específicos fora das escolas. É preciso não ceder à tentação de colocar a criança em excessivo número de atividades e estar atento ao que de fato casa com aptidões dela, não esquecendo de ouvi-la sempre.

O item segurança veio por último, porém é de primordial enfoque. Inclui a questão macro de violência das cidades (como proteção à entrada de indivíduos estranhos, controle na saída dos alunos, segurança patrimonial, vigilância sobre possíveis delitos e uma portaria atenta), assim como a escola se estrutura para manter a criança fisicamente segura; portas e portões de segurança nas salas dos menores, tipo e conservação dos brinquedos e utensílios usados, locais de escadas e acesso das crianças a elas, estado das áreas de lazer e recreação, número de pessoas assistindo às turmas de alunos, além da segurança alimentar são pontos que devem ser questionados ao se escolher a escola.

Com tanta informação, a escolha da escola das crianças parece uma tarefa hercúlea, mas com tempo e disposição se pode obter informações com outros pais, pesquisar as metodologias e ver o que melhor se encaixa com o que você acredita. Passo crucial é visitar a escola em pleno funcionamento e ver com os próprios olhos como ela se organiza. Levar a criança junto também pesa na decisão ao vê-la à vontade naquele ambiente. Claro que se leva em consideração o contexto social e econômico em que se vive, principalmente na busca de instrumentalizar e tornar os filhos habilidosos nesse mundo competitivo. Fundamental de tudo é não delegar exclusivamente para a escola o papel de educar, esta tem que ser uma parceria da família.

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