domingo, 24 de julho de 2011

A HISTÓRIA SE REPETE




Triste fim de ícones do mundo artístico é coisa comum. Ídolos que se transformam em mito pelas trágicas mortes – Janis Joplin, Curt Cobain, Jimi Hendrix e vários outros. Em comum têm uma vida de excessos que culminam com uma morte anunciada. Para Amy Winehouse não foi diferente. Morta neste sábado 23 de Julho, de causa ainda não esclarecida, ela segue para outro plano com o mesmo furor que viveu seus vinte e sete anos.

Dona de uma voz deliciosa, deixou apenas dois álbuns gravados em estúdio, suficientes para torná-la celebridade internacional. Ganhadora de cinco Grammy, as canções de Amy conseguiam ser maiores que os sucessivos escândalos, o envolvimento com drogas, a bulimia e as constantes aparições embriagada. Influenciada pelo Jazz desde a infância (seus tios tinham uma banda), lançou em seu álbum de estréia, Frank, músicas de própria autoria numa mistura de jazz e blues como há muito não se via. Suas letras com freqüência retratavam uma mente conflituosa e relacionamentos conturbados. O classudo penteado Brigitte Bardot passou a acompanhá-la, um ar retrô inspirava certa nostalgia, mas sua arte seguia incólume como se pôde ver no trabalho seguinte, Back to Black e principalmente na quase autobiográfica Rehab.

Felizmente, apesar de lamentável ver alguém tão jovem partir dessa forma, assim como outras divas, sua arte será sempre bem maior e sobreviverá no imaginário daqueles que apreciam a boa música. É aquela velha história de sair da vida para se tornar uma lenda, contudo, é impossível não se perguntar porque coisas como estas acontecem com tanta freqüência. Do mesmo modo que diversos psicopatas que protagonizam tragédias como o recém acontecido na Noruega, a raiz dos problemas destes artistas parece estar na infância mal cuidada. Lendo um pouco da biografia de grandes ídolos que terminaram assim, ou revendo a história de vida dos tantos atiradores, sempre se reconhece que já davam sinais de que não estavam totalmente adaptados às suas vidas. Será que esse reconhecimento não pode ser seguido por medidas educativas que de fato mudem o rumo destas vidas? É triste, mas não incomum ver pais que dizem não saber mais o que fazer com um filho. Voltando a bater na antiga tecla; é preciso muita atenção na educação dos jovens, participando ativamente do seu cotidiano, estabelecendo uma relação de confiança.

Nesta seara entra ainda o terrível monstro das drogas que destrói famílias inteiras. Vivemos uma época complicada, de forte exposição às drogas lícitas e ilícitas, desde a experimentação até a dependência, mas os especialistas são unânimes em dizer que o assunto tem que ser falado, não adianta esconder embaixo do tapete. E não é apenas no âmbito pessoal que as drogas nos afetam – ela está por trás da crescente violência que nos assola. Mais uma vez, tem tudo haver com educação uma vez que os jovens são os mais vulneráveis neste aspecto.  Que perspectivas os jovens têm hoje? Nossa sociedade está pautada em lógicas muito cruéis de consumo exagerado, padrões de beleza quase inatingíveis e sexualidade exacerbada. Contra isso as armas são o incentivo dos laços familiares fortes, apoio na conquista da autonomia e estabelecimento de regras claras para o comportamento social. Mantendo a discussão viva episódios como esses poderão um dia se tornar escassos.

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