domingo, 20 de fevereiro de 2011

O PARADIGMA DA MULTIMULHER


O alterego Multimulher carrega consigo a força de muitas lutas ao longo da história pelo reconhecimento dos direitos femininos e da busca pelo equilíbrio entre os diversos papéis da mulher na sociedade. Ser multimulher está antenado com o mundo e dá a sensação de que se multiplica as chances de felicidade, ainda que com freqüência seja trabalhoso (mais mentalmente do que fisicamente).

Não é difícil encontrar multimulheres, mas se pensa imediatamente na mulher multitarefa, aquela capaz de preparar a reunião de trabalho, correr para deixar as crianças na escola, ir ao supermercado, ao cabeleleiro e ainda preparar aquele jantarzinho. Esta exaustiva rotina gera um nível de estresse que muitas vezes faz com que as coisas conquistadas com tanto trabalho sequer sejam aproveitadas.

A mulher multitarefa pode invadir o cotidiano da mulher comum sem ser notada, tamanha a cobrança que ela faz a si mesma; quando percebe está no olho do furacão, à beira de um ataque de nervos. Talvez seja um caminho natural da correria do dia-a-dia, ir abraçando de forma mecânica todas as tarefas para ser mulher, mãe e profissional. A intenção é a melhor possível; o desejo de todas é fazer o seu melhor e dar conta de tudo ao mesmo tempo; a questão é que a trama tecida por ela própria a aprisiona num ciclo vicioso que só é quebrado quando a corda estica ao ponto de exaustão.

É preciso entender que o enredo não tem que ser necessariamente esse. A verdadeira multimulher livra-se desta cilada e, como bem decodificou a jornalista Tatiana Bonumá em artigo recente, coloca-se como a multi-interessada. O termo trazido por ela consegue redimensionar o posicionamento feminino com o que ela batizou de “a nova revolução feminina”. Equivale a dizer que há interesse constante por tudo ao seu redor, porém priorizando os aspectos que lhe são mais caros, sabendo otimizar o tempo e mantendo a vida pessoal em ordem. Fazer essa revolução não é fácil nem óbvio, pelo contrário,  requer sair da linha de montagem e ser agente na própria vida. Com certeza toda essa transformação só é possível porque hoje se pode ter liberdade nas escolhas, principalmente de estar bem consigo mesma e se blindar contra todo tipo de cobrança. A multiplicidade de papéis ainda existe, contudo não há a culpa insana em não ser perfeita.

P.S.: este texto foi inspirado nas maravilhosas mulheres com quem convivo, em especial as aniversariantes da semana, Camila Lopes por estar mais uma vez operando transformações radicais em sua trajetória e Maria Lúcia pelo seu exemplo de mulher.

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