sábado, 18 de setembro de 2010

O REAL E O IMAGINÁRIO




Há tempos venho tentando fazer coleta seletiva do lixo doméstico. Passada a fase de acostumar os próprios moradores da casa a jogar o lixo no lugar certo, o que fazer com ele fora de casa tornou-se um problema. O impressionante é que esbarramos na total impossibilidade de levar isso a cabo. Sei de alguns condomínios que dispõem do serviço, mas de fato não é uma prática amplamente disseminada. Aos demais resta a impotência diante do que seria um pequeno investimento que resultaria em grandes benefícios.

O lixo é um problema de saúde pública, é alvo de debates intermináveis, principalmente no que tange à responsabilidade social, o modo como lidamos com ele. O IBGE já divulgou pesquisa que revela que o Brasil produz cerca de 228mil toneladas de lixo ao dia, sendo cerca de metade de lixo domiciliar, com apenas 2% disso sendo encaminhado para a coleta seletiva. É um número quase assustador, principalmente se atentarmos para onde vai o excedente – boa parte em lixões a céu aberto que trazem danos os quais nem é preciso citar. Se levarmos em conta o tempo de decomposição de alguns materiais, a coisa fica mais assustadora ainda.

No até agora imaginário cenário proposto pelos ambientalistas para melhor lidar com o lixo, colocaríamos em prática a “regra dos três erres” – redução do consumo, reutilização de materiais e reciclagem. A disseminação da coleta seletiva para implementação da reciclagem seria um passo importante para a mudança desta realidade, embora nem todo tipo de material possa ser reciclado.

DESTINO
PAPEL
PLÁSTICO
VIDROS
METAIS
COLETA SELETIVA
papéis de escritório, papelão, caixas em geral, jornais, revistas, livros, listas telefônicas, cadernos, papel cartão, cartolinas, embalagens longa vida, listas telefônicas, livros
sacos, CDs, disquetes, embalagens de produtos de limpeza, PET (como garrafas de refrigerante), canos e tubos, plásticos em geral (retire antes o excesso de sujeira)
garrafas de bebida, frascos em geral, potes de produtos alimentícios, copos (retire antes o excesso de sujeira)
latas de alumínio (refrigerante, cerveja, suco), latas de produtos alimentícios (óleo, leite em pó, conservas), tampas de garrafa, embalagens metálicas de congelados, folhas-de-flandres
LIXO COMUM
papel carbono, celofane, papel vegetal, termofax, papéis encerados ou palstificados, papel higiênico, lenços de papel, guardanapos, fotografias, fitas ou etiquetas adesivas
plásticos termofixos (usados na indústria eletroeletrônica e na produção de alguns computadores, telefones e eletrodomésticos), embalagens plásticas metalizadas (como as de salgadinhos)
espelhos, cristais, vidros de janelas, vidros de automóveis, lâmpadas, ampolas de medicamentos, cerâmicas, porcelanas, tubos de TV e de computadores
clipes, grampos, esponjas de aço, tachinhas, pregos e canos
Fonte: Instituto Akatu


O destino do lixo é benéfico inclusive do ponto de vista econômico; a quantidade de energia e água gastas na reciclagem de papel é 50% menos do que se gasta na fabricação de papel novo. Os resíduos orgânicos destinados para a compostagem também diminuem a utilização de adubos industrializados, reduzindo os custos de produção.  O considerado lixo tóxico, como pilhas e baterias de celulares, também precisam ter seu destino pensado em virtude de seus potenciais danos. É preciso haver um movimento da indústria sentido da melhor disposição destes metais pesados, embora ainda se considere que esse processo não gere lucro, até porque, uma resolução do conselho Nacional do Meio ambiente responsabiliza os fabricantes e comerciantes pelo destino final dos produtos.

A atuação dos poderes públicos nesta área ainda é muito tímida na maioria das cidades brasileiras. Alguns municípios de forma isolada realizam experiências que tem sido positivas, como o uso de taxas de lixo, a adoção de sistemas específicos de coleta e campanhas de conscientização. Os sistemas de coleta são de especial importância, já que dão destino àquele lixo que sai separado das nossas casas. A simples disponibilização de uma maior quantidade de pontos de coleta já solucionaria parte do problema. Em tudo isso, muito ainda no campo das idéias, reside a diferença entre o real e o imaginário no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável.

Um comentário:

  1. Adorei! Parabens pelo blog. Entre no meu tambem www.agatabrasil.blogpost.com comente la! Obrigada.

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