domingo, 12 de setembro de 2010

A mão do Estado



Pessoalmente acho importante educar as crianças na base da conversa.  Não quero passar a noção de que vence o mais forte. Obviamente a relação pai-filho já pressupõe uma desproporção, mas não concordo em usá-la de forma agressiva. Outras habilidades, que não o poder de bater deverão ser cultivadas. Por outro lado sei que o cotidiano de educar uma criança requer amor e boa dose de paciência, de forma que não recrimino os que recorrem a uma palmada nesse processo (nem preciso dizer que aqui se excluem os excessos). A questão é que inúmeros são os casos que extrapolam de apenas uma palmada corretiva para violência brutal contra crianças que vemos todos os dias nos jornais. Neste campo é necessária sim a interferência do estado, porém até que ponto o foro íntimo de cada família pode ser invadido?

O assunto veio a baila por conta do projeto de lei da Deputada Federal Maria do Rosário do PT gaúcho proibindo os castigos físicos. Os especialistas dizem que o projeto não criminaliza palmada, mas apenas tenta servir de paradigma para a sociedade perceber o que é “certo” na educação das crianças. 


Considero salutar fomentar uma cultura de paz, porém me pergunto se é possível fazer um julgamento de valor, se é possível determinar ao pai como educar. E será esse o papel do Estado?  A jornalista Eliane Brum escreveu em um de seus artigos que “ao exercer sua autoridade de forma abusiva, o Estado infantiliza seus cidadãos”.

A interferência já existe em vários aspectos...pense no voto obrigatório, nas regulamentações para casar e descasar, e muitas outras coisas. Não me escapa um certo temor de que hoje a interferência é na orientação sobre educação, e depois ninguém sabe o que pode vir. Me lembra admirável mundo novo, de Aldous Huxley. Cabe discutir esses limites e se manter atento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário