sexta-feira, 16 de julho de 2010

DIÁRIO DA MULTIMULHER



Lamentei não mais sentir aquele friozinho na barriga. Como era excitante esperar ele chegar, a troca de olhares, toda a paixão que se insinuava. O simples toque das mãos já provocava furor. Me preocupou  pensar ... bons tempos aqueles ... Será que não há vida após o casamento?
A verdade é que fui levando a vida de esposa, gerenciando a casa, batalhando por  objetivos profissionais e  fui ser mãe (muito mãe!). Não esqueci o casamento, nem do amor que me uniu ao meu par para sempre, mas vamos combinar que tudo isso ocupa tanto espaço que quando você se dá conta a vida do casal está em segundo plano.
Então de novo me encontro no ponto de interrogação e me pergunto onde vou mexer para mais uma vez poder experimentar o tal friozinho na barriga. Acredito sim que o casamento pode ser melhor do que a fase de namoro, até porque formar uma família ainda é nosso mais importante projeto.
São conhecidas as estatísticas sobre casamentos - grande parte deles acaba no primeiro ano do primeiro filho por este ser o momento em que se cruza a fronteira entre mulher-amante e mulher-mãe; para os casais sem filhos também apontam a “burocratização” do sexo como fator preponderante para o desgaste das relações; existem ainda dados sobre a famosa crise dos sete anos, para a qual alguns psicólogos afirmam haver grande culpa da rotina em que caímos.  As pesquisadoras Maria Lúcia Garcia e Eda Tassara trabalharam no projeto “Da Utopia do Amor Romântico ao Cotidiano do Casamento”–evidenciou-se que falar, pensar, viver ou planejar manter uma relação afetivo-sexual faz parte da biografia de uma boa parte da população e que adotamos diversos estratagemas para tal. Para muitos autores e justamente quando chegamos ao cotidiano do casamento que precisamos manter a atenção redobrada, ao contrario do que normalmente fazemos – muito investimento pessoal durante a conquista e depois liga o piloto automático.
Estas reflexões me acompanham sempre, e é assim mesmo; quando a coisa vai se acomodando a gente tem que dar uma sacudida. É meio como se precisássemos re-enamorar a nova pessoa que surge á nossa frente, afinal todos nós vamos mudando ao longo da vida e se não estivermos atentos um dia olharemos para o outro e nos depararemos com um estranho.
Sem querer ser pretensiosa vou arriscar uma solução: voltar a namorar. Valorizar o olhar mais para o outro, o tocar mais o outro.  Que tal aquele programinha que adorávamos fazer, cineminha, namorar no escurinho, dividir o sorvete, e porque não?, lembrar de elogiar o cheirinho delicioso de seu perfume. É preciso reinventar o casamento todos os dias, o que exige também jogo de cintura e maturidade. 

Um comentário:

  1. ADORO O SEU DIARIO DA MULTIMULHER!! ALIÁS V. DEVERIA SER COLUNISTA D E ALGUMA REVISTA FAMOSA, ESCREVE MELHOR QUE CERTOS JORNALISTAS QUE SE ACHAM!!!
    BJS MIL E BJS NAS CRIANÇAS!!!

    JU

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