Nesta semana em que ocorre a Rio+20, conferência
mundial sobre o meio ambiente, que leva esse nome por seguir o racional da
conferência intitulada Eco92 (ocorrida também no Rio de Janeiro há 20 anos),
borbulham discussões sobre as questões ambientais e temas correlacionados.
Dentre estes, o tema sustentabilidade é sempre recorrente, às vezes parecendo
algo bem distante, conversa de ecochato
ou ecoxiita, ou até mesmo palavrório
governamental sem conteúdo. Deste ponto a questionar o que de fato cada
indivíduo tem com isso é um pulo. Talvez esse seja o ponto crucial para toda e
qualquer mudança: conhecimento. E o questionamento é de onde se origina todo
conhecimento.
O termo sustentabilidade foi alcunhado pela primeira
vez em 1987 pela norueguesa Gro Brundtland, e é descrito como “suprir as necessidades do presente sem
afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades.”
Equivale a dizer que o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades
do presente não pode comprometer as gerações futuras, por isso, mais do que
nunca, pensar em sustentabilidade é pensar nos filhos e netos, pois o aumento
da população mundial e com ela o consumo exagerado, faz com que efeitos deste
mal uso de recursos naturais chega cada vez mais precocemente. E não há como
apostar que se trata de falácia. Aos olhos de todos está a escassez de água, os
racionamentos de energia elétrica e as mudanças climáticas. A sustentabilidade
se faz com três pilares; o social, o ambiental e o econômico, e portanto não
adianta pender radicalmente para um deles; é preciso que os três convivam em
harmonia e lucrem com as ações para que estas sejam consideradas sustentáveis.
Conclui-se então que não se trata de uma guerra entre os setores citados,
querer barrar o desenvolvimento das economias mundiais, e sim planejar-se para
fazê-lo de maneira a manter o equilíbrio entre as partes.
Vinte anos se passaram e muita coisa não saiu do
papel, muito ficou apenas no campo das idéias, mas a mentalidade das pessoas
com certeza mudou, e hoje mais e mais cidadãos comuns se preocupam com as
questões do meio ambiente em sua vida cotidiana. Ações concretas podem não ter
acontecido no volume e velocidade desejados, contudo percebe-se um movimento
francamente positivo, a exemplo do Código Florestal brasileiro, que a parte as
controvérsias e polêmicas, além do jogo de interesses, revela uma mudança
genuína de pensamento. Houve recente campanha que ficou conhecida como “Veta ,
Dilma!”, para tentar sensibilizar o poder público a vetar questões que foram
modificadas na câmara, o que para os militantes ambientalistas viria a
favorecer enormemente os latifundiários. Depois de passar pelo gabinete da Presidência
da República algumas coisas foram de fato vetadas, não se alcançou a satisfação
de todos os segmentos, mas enfim é um documento. Firma compromisso com um tema
urgente. O site g1.com.br
publicou recentemente diagrama a seguir, bastante esclarecedor do que
representa este código florestal e do que foi vetado pela Presidência da
República.
Quando se fala no uso
dos recursos naturais com responsabilidade refere-se a preservar a
biodiversidade e os ecossistemas naturais. Segundo o engenheiro escocês Michael
Shaw, “o pico do uso do petróleo está nos levando a uma cultura de
sustentabilidade, na energia, na produção de comida, nos transportes e na forma
com lidamos com nossos resíduos”. Esta cultura, se introspectada, fará cada
indivíduo mudar seu modo de agir, desde dentro dos lares até o consumo
consciente, passando por exigir de seus legisladores e governantes tal tipo de
compromisso. Atitudes como fechar as torneiras enquanto escova os dentes ou se
ensaboa, apagar as luzes dos cômodos que não estão sendo usados, trocar
lâmpadas incandescentes por fluorescentes (são um pouco mais caras, mas têm
maior durabilidade e economizam até 60 % de energia), verificar o consumo o
baixo de energia dos eletrodomésticos, dá destino correto ao lixo, pilhas e
baterias de celulares, verificar a procedência daquilo que compra (usar papel
reciclado e objetos de madeira de reflorestamento são formas de diminuir a
necessidade de extração de recursos naturais) e racionalizar o seu transporte
são formas de dar uma contribuição individual ao processo.
Além desse manejo do
uso direto dos recursos naturais através da racionalização dos mesmos, há um
ponto delicado nos dias de hoje, de consumo desenfreado; o consumo consciente.
O Instituto Arayara, que mantém um portal com sugestões para se pensar a
sustentabilidade (http://www.sustentabilidade.org.br),
destaca importante trecho sobre este tópico - “a
sustentabilidade está relacionada aos modelos dos sistemas de produção e de
mercado, que respondem livremente às demandas da sociedade. Havendo procura,
haverá oferta. Portanto, as escolhas do consumidor podem definir um caminho na
direção de um modelo que devasta o meio ambiente e gera desigualdade social ou
de um modelo mais harmônico com as leis da vida. Poucos se dão conta desta
relação sistêmica e de sua responsabilidade individual na hora de escolher um
produto qualquer”.
Está respondido o que
você tem com isso?