Na educação dos filhos estar atento é sempre a receita mais acertada, mas não há como fugir da realidade de que se trata de um percurso cheio de dúvidas. A boa notícia é que pais do mundo inteiro passam por isso e uma boa dose de bom senso é o que melhor norteia. Discutir o assunto também é importante nessa busca, não pela perfeição, mas por dar o melhor de si. Essa discussão ganhou nova munição com a publicação este ano do livro Grito de Guerra da Mãe-Tigre, da americana de origem chinesa Amy Chua, em que descreve seu polêmico método de educar, baseado na tolerância zero e na incansável busca pelo sucesso. Uma boa medida do significado desta postura ela já passa na primeira frase do livro; “o tigre, símbolo vivo da força e do poder, em geral inspira medo e respeito”. Exageros à parte, entre erros e acertos, a autora tem especial restrição ao quanto os ocidentais, sob pena de serem superprotetores, são extremamente preocupados com a autoestima de suas crianças.
Autoestima é o que a pessoa sente em relação a si mesmo, é o amor-próprio que Freud já teorizava no começo do século passado e apontava como obrigatório em uma existência satisfatória. Este processo é parte do aprendizado da vida e começa quando os filhos ainda são bebês, em que aquele primeiro olhar materno faz com que eles se sintam foco de todo afeto do mundo. Solidificar esses aspectos é papel dos pais em todas as fases do crescimento; na primeira infância, ainda no desenvolvimento motor, além dos carinhos e cuidados há a necessidade do reconhecimento pelas pequenas vitórias, como comer sozinho e amarrar os sapatos, e de forma semelhante nas fases seguintes. Esta capacidade de o indivíduo se ter em alta conta é um elemento que permeia de forma definitiva o modo como crianças e adolescentes lidam com os desafios e com os potenciais perigos a que são expostos – como avalia a educadora Tania Zagury (autora de títulos como Limites sem Traumas – Construindo Cidadãos), na introdução a drogas e bebidas por exemplo, seria capaz de dizer não, sem medo da aceitação do grupo. Pesquisadores de Harvard concluíram que na evolução da bulimia e da anorexia, a baixa autoestima é um requisito essencial. Conhecer suas qualidades e suas limitações são características importantes para um indivíduo fugir deste tipo de armadilha.
Estimular a autoestima não significa necessariamente superproteção, para tanto é fundamental encontrar o ponto de equilíbrio. Nos Estados Unidos houve um movimento para cultivar a autoestima (inclusive com ações governamentais) que produziu efeitos contrários; caiu-se no exagero em que escolas de todo o país passaram a estimular professores a enaltecer as crianças por qualquer motivo, indiscriminadamente, criando uma geração incapaz de lidar com um “não” e viciada em elogios. Na outra ponta há o reconhecimento merecido por atitudes positivas, que vão além das notas altas, e saber criticar é de suma importância, além de ter sempre em mente que tudo se reflete nos filhos, portanto pais com a autoestima em dia têm filhos que também apreciam saudavelmente a si mesmos.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, já dizia o ditado antigo. Quando o assunto é educação, o melhor caminho, como afirmado no início, é o do bom senso. A mãe-tigre peca terrivelmente ao menosprezar a importância da autoestima na formação de seres humanos mais seguros e felizes. Ela própria vivenciou esta constatação; no prólogo ela confessa: “Era para ser uma história de como os pais chineses são melhores educadores que os ocidentais. Em vez disso, é sobre um amargo choque de culturas, um fugaz sabor de glória, e sobre como uma menina de treze anos me tornou humilde”.
Parabéns, gostei muito do texto, irei indicar a leitura para os professores do Colégio.
ResponderExcluirNecesitamos sempre buscar um ponto de equilíbrio na nossa vida, para que possamos lidar da melhor forma com as situações cotidianas.
Abraços...
Rose Zuanny