Uma das coisas que mais pensei quando tive minha primeira filha foi que ela precisava (e merecia) um irmão (independente do sexo). Hoje, ainda que elas sejam pequenas, já percebo a importância de uma na vida da outra. Esta certeza vinha da minha própria vivência com meus irmãos, por ter sido ela fomentadora de uma relação única e responsável por uma infância maravilhosa, tendo chance de trocar experiências, ter cumplicidade e partilhar o nascimento de suas próprias famílias.
O mês de Março sempre foi muito festivo em nossa casa, afinal de contas meus dois irmãos fazem aniversário. Por esta ocasião tenho resgatado lembranças que me são muito caras – em tudo tem um pouco deles. Apesar das diferenças de idade, o clima fraterno sempre foi privilegiado - com o mais velho um modelo por quem se pautar e com o mais novo uma relação quase maternal. Além das festinhas, dos aniversários recordo também pelas traquinagens, já que o aniversariante aprontava o dia todo, talvez percebendo a passagem do tempo. Trazendo esse passado que está logo ali, sinto a força destes laços que dificilmente se encontra fora do ambiente familiar.
É impressionante como a leitura de uma mesma relação é distinta para cada irmão; são filhos dos mesmos pais, em tese criados do mesmo modo, porém são todos diferentes. Li recentemente um artigo de uma pedagoga que falava o quanto esta troca entre irmãos contribui para o desenvolvimento psicossocial. Cita um termo chamado outridade, que indica a força psicológica que o outro causa, daí a razão pela qual os irmãos acabam por moldar o comportamento entre si. A presença de um irmão proporciona a oportunidade de exercitar a resolução de conflitos e descobrir-se como indivíduo, além de auxiliar na inserção em determinados grupos sociais; com freqüência o irmão mais velho é cicerone do mais novo. O cuidar também é experimentado nesta relação, devendo ser uma via de mão dupla. É um vínculo extremamente duradouro mesmo que a distância se interponha, o qual valorizamos, tanto que o extrapolamos do âmbito familiar buscando-o também na sociedade com os nossos amigos. Aqui cabe dizer que a relação com o irmão precisa ser bem cuidada e nisso os pais têm papel fundamental; como pontuou a psicóloga Lunalva Fiuza Chagas, muitas vezes mantemos uma intimidade e cumplicidade bem maior com um amigo do que com o próprio consangüíneo porque a ela é dispensado maior cuidado (pela possibilidade de rompimento). Com os próprios irmãos sentimos ser o laço indissolúvel podendo ser o tempo todo ameaçado sem risco de ruptura, contudo esta atitude pode criar um fosso que segue por toda a vida.
A convivência não é livre de tensão, briga-se pelo espaço, pelos brinquedos, pela TV e pelo computador, enfim tudo pode ser motivo de desacordo. Dizem os estudiosos do assunto que a convivência é mais amena com sexos opostos por não terem objetivos que se cruzam e sim caminham em paralelo, caso contrário é comum sobressair a competição. A sorte é que vamos todos crescendo e a forma de nos relacionarmos também se modifica; aquelas brigas aparentemente intermináveis se transformam no nosso formato de família, fortes e cooperativos, dando suporte nos momentos mais complicados e dividindo as alegrias. Faz parte de tudo isso seguir comemorando os aniversários e desejar felicidades em alto e bom tom.
Valeu, Maninha! Com certeza nossa "irmandade" é muito sólida! Engraçado que só percebemos isso com o passar dos anos, com a nossa maturidade...Para mim, como mais jovem, a cumplicidade com os hermanos mais velhos chegou mais tarde em razão da diferença de idade, mas é muito viva e proveosa. Valeuuuuu!
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