domingo, 5 de janeiro de 2014

A AGENDA



Primeira semana do ano. Um hábito que se repete há anos mais uma vez foi posto em prática. Ela acariciou a capa onde se lia 2014, pensando que um novo ciclo estava se iniciando, que seria uma nova chance de consertar velhos erros, um momento para iniciar novos projetos. Riu de si mesma por se deixar tomar por esta sensação irresistível todos os anos; a de que o mundo para no 31 de dezembro à espera do ano seguinte, como se de fato fragmentasse todas as coisas. Abriu a agenda na página dos calendários, deu uma checada nos feriados, já fez uns planos por alto de pequenas viagens que daria pra fazer, viu em que dia da semana cairiam as festas do fim de ano e lá estava ela escrevendo os planos para os próximos doze meses. 

Agora escrever os planos de janeiro; ainda dá tempo de desejar “Feliz Ano Novo” para alguns amigos, é preciso refazer a planilha de gastos e começar com as contas em dia, alguns impostos, refazer o contrato do aluguel, material da escola das crianças e dar as férias da babá. Era tanta coisa, que  decidiu ir vivendo mais aos poucos, sem esquecer dos planos a longo prazo, os quais saiu pontuando na agenda. Precisava anotar mais momentos para estar com a família, um tempo para si, pôr a leitura em dia. O ócio pode ser produtivo e curativo; então mais lazer na sua agenda, sem se importar com o calendário. Foi marcando as datas de aniversário da família e amigos; pensar nas pessoas e com uma simples ligação lhes dizer o quanto são importantes vale muito. Lembrou-se de mudar a forma de lidar com certos problemas, tentaria ser mais condescendente com os erros alheios. Marcou um almoço com colegas de escola que não via há anos. Muito importante cultivar as velhas amizades e manter os laços com quem se gosta. Colocou que em fevereiro, um mês tão curto, daria umas pinceladas domésticas como arrumar o armário de roupas da família, o de brinquedos e outras coisa que se vai acumulando meio compulsivamente, e no final doar o que ainda puder ser usado. Foi deixando papel e caneta de lado; existem aquelas coisas que saltam ao coração e não dão tempo a planejar. Desde pequenas coisas, como correr para o jardim a tempo de tomar um banho de mangueira com as crianças. Hora certa para recordar-se de que a felicidade é um estado imaginário e que nós mesmos o construímos, escrevendo dia após dia.

E a vida segue assim, como uma agenda a ser preparada. Alguns compromissos anteriores precisam ser mantidos, acordos a serem honrados, contas a pagar, trabalho e obrigações, mas há muito espaço para mudanças na trajetória. Tudo depende da forma como se encara o que nos chega. Um olhar otimista e corajoso muda completamente a percepção do que é problema e do que é solução. Ganhar esse novo fôlego é algo positivo, alavanca novas empreitadas e enche de ânimo. É uma espécie de psicoterapia coletiva, com resultados visíveis. Resta aprender como prorrogar essa energia e transformá-la em conquistas reais.

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