segunda-feira, 11 de junho de 2012

E AGORA, O QUE DIZER?


Todo mundo repete que criar não é fácil. No dia-a-dia você até que percebe o quão delicada é a missão, mas existem aquelas situações emblemáticas em que você tem que se posicionar e tal posição vai servir de referência crucial para seu filho. Exemplo disso é quando outra criança bate em seu filho. Não tem como não ficar chateado. Primeiro impulso depois de acalentar o seu é saber o que os pais do outro fizeram para coibir. Depois de saber as versões dos fatos, visto que o seu estava inocente na história, você se pergunta se está criando alguém demasiado pacato e que poderá virar um “saco de pancadas”. E agora, o que dizer?

Há muito tempo, mas talvez ainda mais nos dias atuais, a violência é uma preocupação para pais e educadores. A cultura da não-violência figura como importante pilar nas estratégias contra a criminalidade por entender que fomentar uma relação interpessoal pacífica é fator fundamental nesta busca. Tal cenário torna no mínimo delicada a tarefa de ensinar os filhos a se defenderem das agressões físicas que possam vir a sofrer.

Ensinar uma criança a se defender passa por aspectos diversos relacionados à sua postura diante dos seus pares, e inclui as situações de agressão física. Esta questão remete aos casos denominados atualmente como bullying, e levanta a dúvida sobre sua ocorrência caso as vítimas estivessem mais preparadas. Trata-se de autoconfiança e autoestima elevados, coisas que podem e devem ser estimuladas em casa. Muito antes de focar na situação concreta de defender-se de uma agressão, deve-se focar na aceitação das diferenças, nas possibilidades de convivência harmoniosa com as outras crianças, de não ser o agente da violência. Ainda vale a máxima de que violência gera violência, portanto deve-se deixar bastante claro que é melhor privilegiar o diálogo em detrimento de sair para o ataque. Por outro lado é importante ensinar a criança que ninguém tem o direito de agredí-la física ou moralmente, e consequentemente ensiná-la como se comportar se isso acontecer. Se defender não quer dizer tornar-se um valentão ou espancador, e sim evitar ser agredido, saber se colocar. Esse diálogo entre pais e filhos exige cautela porque corre-se o risco de apenas incitar mais violência. Para as crianças menores, que por todo tempo estarão sob supervisão de um adulto pronto a intervir, poderá ser mais fácil aprender a se impor verbalmente, deixando claro que não aceita dada agressão. A resposta do outro é uma forma de colocar limite, e o adulto precisa mostrar que existem consequências para tais atos. A forma como o adulto lida com situações semelhantes vai falar muito mais alto do que qualquer discurso vazio. 


No dilema em questão a resposta depende de cada situação particular, nível de agressão, frequencia com que ela acontece e idade das crianças. É preciso ficar atento a comportamentos repetidos e ciclos viciosos. Muitas atitudes podem ser tomadas: orientar a o"oferecr a outra face", orientar a não revidar e deixar claro que a situação o incomoda e é inaceitável (apenas o discurso funciona ou o coleguinha só será reprimido sabendo que ali não vai achar moleza?)Quem sabe o caminho do meio – se coloque contrário à agressão, não resolva seus problemas na base da violência, mas se te atacarem revide? (tipo “dou um boi para não entrar numa briga, mas uma boiada para não sair dela”). Resta trazer a pergunta de volta: e agora, o que dizer?



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