sábado, 12 de março de 2011

IRMÃOS



Uma das coisas que mais pensei quando tive minha primeira filha foi que ela precisava (e merecia) um irmão (independente do sexo). Hoje, ainda que elas sejam pequenas, já percebo a importância de uma na vida da outra. Esta certeza vinha da minha própria vivência com meus irmãos, por ter sido ela fomentadora de uma relação única e responsável por uma infância maravilhosa, tendo chance de trocar experiências, ter cumplicidade e partilhar o nascimento de suas próprias famílias.

O mês de Março sempre foi muito festivo em nossa casa, afinal de contas meus dois irmãos fazem aniversário. Por esta ocasião tenho resgatado lembranças que me são muito caras – em tudo tem um pouco deles. Apesar das diferenças de idade, o clima fraterno sempre foi privilegiado - com o mais velho um modelo por quem se pautar e com o mais novo uma relação quase maternal.   Além das festinhas, dos aniversários recordo também pelas traquinagens, já que o aniversariante aprontava o dia todo, talvez percebendo a passagem do tempo. Trazendo esse passado que está logo ali, sinto a força destes laços que dificilmente se encontra fora do ambiente familiar.

É impressionante como a leitura de uma mesma relação é distinta para cada irmão; são filhos dos mesmos pais, em tese criados do mesmo modo, porém são todos diferentes. Li recentemente um artigo de uma pedagoga que falava o quanto esta troca entre irmãos contribui para o desenvolvimento psicossocial. Cita um termo chamado outridade, que indica a força psicológica que o outro causa, daí a razão pela qual os irmãos acabam por moldar o comportamento entre si. A presença de um irmão proporciona a oportunidade de exercitar a resolução de conflitos e descobrir-se como indivíduo, além de auxiliar na inserção em determinados grupos sociais; com freqüência o irmão mais velho é cicerone do mais novo. O cuidar também é experimentado nesta relação, devendo ser uma via de mão dupla. É um vínculo extremamente duradouro mesmo que a distância se interponha, o qual valorizamos, tanto que o extrapolamos  do âmbito familiar buscando-o também na sociedade com os nossos amigos. Aqui cabe dizer que a relação com o irmão precisa ser bem cuidada e nisso os pais têm papel fundamental; como pontuou a psicóloga Lunalva Fiuza Chagas, muitas vezes mantemos uma intimidade e cumplicidade bem maior com um amigo do que com o próprio consangüíneo porque a ela é dispensado maior cuidado (pela possibilidade de rompimento). Com os próprios irmãos sentimos ser o laço indissolúvel podendo ser o tempo todo ameaçado sem risco de ruptura, contudo esta atitude pode criar um fosso que segue por toda a vida.

A convivência não é livre de tensão, briga-se pelo espaço, pelos brinquedos, pela TV e pelo computador, enfim tudo pode ser motivo de desacordo. Dizem os estudiosos do assunto que a convivência é mais amena com sexos opostos por não terem objetivos que se cruzam e sim caminham em paralelo, caso contrário é comum sobressair a competição. A sorte é que vamos todos crescendo e a forma de nos relacionarmos também se modifica; aquelas brigas aparentemente intermináveis se transformam no nosso formato de família, fortes e cooperativos, dando suporte nos momentos mais complicados e dividindo as alegrias. Faz parte de tudo isso seguir comemorando os aniversários e desejar felicidades em alto e bom tom.                                                  

Um comentário:

  1. Valeu, Maninha! Com certeza nossa "irmandade" é muito sólida! Engraçado que só percebemos isso com o passar dos anos, com a nossa maturidade...Para mim, como mais jovem, a cumplicidade com os hermanos mais velhos chegou mais tarde em razão da diferença de idade, mas é muito viva e proveosa. Valeuuuuu!

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