Impressionante a importância que se dá a certas coisas. Na era das redes sociais então, alguns fatos tomam proporções descabidas. Esta última semana foi palco de um debate escatológico em torno da genitália, mais especificamente dos pelos que a adornam (ou não). Uma questão tão íntima e pessoal passa ao domínio público e suprime tudo ao redor, chegando ao exagero de ser citada como tradução da personalidade feminina.
Modismos chegam em todas as áreas.
Na depilação feminina o grito é depilar tudo. Ostentar algum nível a mais de
pelos está relacionado a mulheres mais velhas, ultrapassadas. O contrário
parece estar relacionado a um ar mais virginal. Mas será possível que até nisso
vão meter o bedelho? Tudo tem seguir um padrão? Admirável mundo novo então;
todos na linha de montagem.
Não é de hoje que os pelos pubianos
ficam no centro dos holofotes. Nos anos 70 as feministas os cultivavam,
juntamente com os pelos das axilas em sinal de maturidade e independência, uma
vez que eles surgem na puberdade em sinal justamente de maturidade física e
sexual. Trata-se de algo simbólico, emblemático, representado inclusive nas
artes – em 1800 o pintor espanhol Francisco de Goya mencionou os pelos pubianos
em sua La Maja Desnuda, censurada
pela Inquisição, mas foi em 1866 que a Origem
do Mundo, do pintor francês Courbet escandalizou o mundo.
De
qualquer sorte, é estranho ainda escandalizar, gerar algum nível de polêmica.
Parece que a sociedade andou para lugar nenhum. O curioso é que estamos em 2013
e aparentemente mais moralistas do que nunca, a ponto de patrulhar tudo,
inclusive a genitália alheia sem o menor pudor. Moralistas com uma falsa moral,
absolutamente carentes de conteúdo, e este talvez seja o cerne da questão.