domingo, 14 de julho de 2013

O SHOW DAS PODEROSAS



“Prepara que é hora do show das poderosas!”. Como diz a letra da música, a mulherada hoje quer e tem poder.  Adotam uma postura  de decisão, querem traçar seus próprios destinos. Eis o motivo de tanto sucesso deste quase grito de guerra em que a mulher está no comando, nada mais atual. Por outro lado os Tons de Cinza viram best sellers, a autoridade masculina levada ao último grau  alvoroça a psique feminina. Dialético sim, mas é essa a mulher moderna, a multimulher.

O fenômeno é quase palpável; a mulher traçou um caminho que revela uma ânsia por ter um pouco de cada coisa, viver com o melhor de tudo. E é absolutamente lícito. Muita coisa que antigamente era natural nas relações tornou-se inadmissível nos dias de hoje, a mulher passou a ter voz ativa em vários aspectos que antes não tinha, segue reivindicando seu direito de decidir, e isso se reflete do escritório ao canteiro de obras, da sala de estar à cama do casal. As estatísticas mostram o quanto estão à frente das empresas e o quanto detém da renda familiar. Há total possibilidade de se realizarem profissionalmente, estarem em postos anteriormente apenas ocupados por homens, decidem quando e com quem vão estar, adiam ou não a maternidade, ou optam por viver sem ela.

O mundo se abriu completamente e as escolhas são infinitas, mas isso tudo não trouxe a satisfação esperada. Que toda mulher quer ser amada já ouvimos de Rita Lee, que também sentenciou - mulher é bicho esquisito. Querem e têm poder mas querem exercê-lo na dita hora certa, sentem uma falta quase pré-histórica da proteção masculina. E não se engane, pois por  falar em pré-histórico, tem hora que querem mesmo é ser arrastadas pras cavernas, ter um homem para tomar as rédeas, sem falar em alguém para abrir a porta do carro, ceder seu casaco numa noite fria, e porque não, pagar a conta. Um amante à moda moda antiga tem sua hora e seu lugar.

E fez-se a confusão. Para eles é claro. Quando ser o quê? Impossível não se remeter a um questionamento freudiano que eternamente povoa o imaginário masculino; afinal, o que querem as mulheres? E se for viável elaborar uma resposta ela está justamente nesta ambivalência. Conquistou-se um espaço social e profissional desenhado pela luta por igualdade de direitos com os homens, consegue-se com naturalidade uma divisão de tarefas no lar impensável há cinquenta anos, viu-se os homens reagirem de maneira positiva, ocupando seu lugar na rotina das famílias e em especial dos filhos, tem-se uma liberdade de escolhas de como e com quem viver. Contudo, a mulher não deixou de apreciar cavalheirismo e gentileza, ainda quer um homem que ame com proteção, resquícios do provedor de outros tempos, machista talvez, mas acima de tudo macho. A mulherada quer que o homem de hoje seja gentil e companheiro, mas tenha “pegada”, tem que ter inteligência para transitar na alternância de poder e saber a hora certa de dominar.

A boa notícia é que o equilíbrio é possível, mulheres e homens expressando sinceramente suas vontades e conseguindo harmonizar tantos anseios, e neste ponto a palavra de ordem é antiga; cada um cede um pouco, tudo em função de algo maior que é estar junto. O verdadeiro poder reside nesta capacidade de transmutar e transcender. 

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