quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CINZAS DE UMA QUARTA-FEIRA

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“É tão difícil olhar o mundo e ver o que ainda existe, pois sem você meu mundo é diferente, minha alegria é triste!”

Esta frase me é um tanto recorrente, parte de uma canção dos áureos tempos do Rei, simboliza bem um sentimento ora conflituoso que trago nesses dias de festa e animação. Como aqueles que se foram estão sempre em nossa memória, é comum vir à tona uma lembrança nos momentos de alegria, como em pleno Carnaval, no meio da folia, principalmente quando quem partiu também era súdito de Momo. Daí a mistura de emoções.

Pode ser uma música, um filme ou até mesmo uma palavra solta, qualquer coisa serve de gatilho para uma avalanche de recordações. E você ali, às vezes com tanta gente ao redor, contudo absolutamente sozinho, mergulhado em si mesmo, numa solidão só sua. Como é possível alguém tão importante repentinamente não estar mais ali, você meio que paralisado em sua dor, e tudo em volta continuar no mesmo ciclo circadiano de sempre.

Em geral tento fugir da palavra culpa, mas ela também teima em vir à minha mente. Um pensamento que invade feito uma sombra e que é na verdade um questionamento interno: como ainda ter alegria quando se viveu uma tristeza tão profunda? Considero uma coisa natural, não há mesmo como e não se deseja esquecer, então o melhor que fazemos é cultivar as boas lembranças, aquelas que nos acalenta.

Mais difícil para uns, menos penoso para outros, a verdade é que o luto é uma apropriação absolutamente individual. Apesar disso uma coisa é fato; a vida segue em frente. E com ela surgem todas as alegrias, decepções, dificuldades, altos e baixos. Aquela pessoa com quem vivemos uma relação de tanto carinho certamente estaria feliz por nos ver bem. As pessoas que ainda nos cercam e que nos motivam merecem nosso sorriso aberto. É em nome desse desejo que tocar em frente se torna possível, mais que isso, necessário, mesmo nas cinzas de uma quarta-feira. 

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